É comum, nos casais, um querer saber o que o outro faz – como correu o dia de trabalho, com quem almoçou, as amigas ou amigos que tem… em suma, é importante que um conheça a vida do outro e se sinta parte integrante dela. Igualmente importante é que cada um tenha o seu grupo de amigos, além daqueles em comum, e que consigam fazer coisas separadamente. Isso permite que cada um invista nas suas relações e atividades pessoais. A segurança e a confiança são dos aspetos mais importantes que um casal pode manifestar. É através destes dois elementos que podemos olhar para a relação como sendo estável, em que o compromisso entre as duas partes é de respeito e harmonia.
No entanto existem alguns sinais, aparentemente inocentes, mas que, acumulados e constantes, se tornam preocupantes na relação. Já ouviu, entre muitas outras frases: “Essa saia é demasiado curta”; “Vais sair assim com quem?”; “Não podes dançar com mais ninguém senão comigo!”; “Quando chegares envia-me uma mensagem ou uma fotografia para saber com quem estás”; “Prefiro que não fales mais com essa pessoa”? São em geral opiniões críticas, que podem inicialmente parecer preocupações e o desejo do outro em o ter só para si.
No início da relação, no período de “lua de mel”, os dois estão encantados um com o outro, e querem saber tudo. Inicialmente pode ser apenas isso, um entusiasmo contínuo que manifesta uma “pontinha de ciúmes”. Mas a confiança é algo que se deve estabelecer desde o começo da relação, e pressupõe que acreditamos no outro, que aceitamos o que nos diz sem colocar dúvidas nas nossas mentes. Confiar pressupõe que aceitamos que o outro tem uma vida para além de nós e a aceitamos de bom agrado, aliás, porque também é saudável.
Mas o que acontece quando uma das partes começa a controlar a outra? Precisar constantemente de saber onde está; de telefonar várias vezes ao dia para confirmar onde se encontra; fazer indicações sobre o que não vestir ou, mais subtilmente, dando a parecer que aquele tipo de roupa não favorece; não permitir que fale com ex-namorados ou com outros homens ou mulheres que não conhece pessoalmente, etc. De repente tudo é dito com um tom mais negativo, com um tom emocional mais carregado, punitivo, e por vezes manipulando o outro até que a sua opinião seja a que predomina. Pelo que acaba por começar a acreditar que é assim, que o outro pensa dessa forma, e é melhor não fazer coisas que possam incomodar; começa a sentir uma ansiedade constante, tentado prever os passos ou as palavras do parceiro, evitando-os à partida.
Assim, é importante que tenha em conta algumas questões: perceba se a relação vale a pena, lembre-se de que a escolha também é sua; crie limites na crítica e na resposta emocional, fale com o seu parceiro para que entenda que está na disposição de perceber o que o preocupa, mas que tal não implica ser atacado em todas as conversas; identifique o que está e o que não está disposto a fazer pelo seu parceiro; recorde-se primeiro dos seus valores, dos seus objetivos e das suas necessidades, fazendo as suas escolhas com base neles e não na intimidação provocada pelo outro; as pessoas que o aceitam como é são importantes na sua vida e essas relações devem ser mantidas.
Os relacionamentos devem estar assentes na segurança, no respeito, num crescimento das duas partes e nunca num jogo de poder, onde a crítica e a manipulação são permanentes. Lembre-se de que pode lidar com as questões de controlo de uma forma construtiva, sem nunca se esquecer quem é, o que quer, e o que está disposto a fazer por si e pelo outro.