A resiliência pode ser definida como a forma como percecionamos as adversidades e a capacidade para lidar e recuperar das adversidades no dia-a-dia e ao longo da vida. A resiliência não é um traço de personalidade mas pressupõe uma forma de pensar, sentir e agir perante as adversidades onde a regulação emocional é fundamental.
Richard Davidson, um conhecido neurocientista que se tem dedicado ao estudo das bases neurológicas das emoções, num coloquio sobre a Neurociência da Felicidade em 2015 descreve o bem-estar como uma competência que pode ser treinada e identificou a resiliência como um dos fatores que promovem o bem-estar.
Vejamos dois exemplos de resiliência:
A Maria de 42 anos ficou desempregada e após uma fase de recuperação continuou a sentir-se inútil durante vários anos, arrastando ao longo deste tempo as emoções negativas sobre si e sobre o seu futuro, resignando-se e tendo dificuldade em recuperar e dar sentido à sua vida. Esta atitude afetou a relação com o seu marido, filhos e amigos.
O João de 47 anos viu a relação de 23 anos chegar ao fim. O João acreditava que era o melhor para a sua vida independentemente de a sua companheira ter sido importante na sua vida e com a qual tinha dois filhos. A forma como o João lidou com esta separação foi como se não tivesse passado nada, atirou tudo para trás das costas e decidiu começar do zero.
Independentemente do período de recuperação e reorganização interna que necessitamos perante uma adversidade, e se consideramos a resiliência uma linha contínua entre muito lento a recuperar e muito rápido a recuperar, é evidente que o João e a Maria estão em extremos opostos em termos de resiliência. Estará agora a pensar que quanto mais rápido recuperar mais resiliente é mas ser demasiado rápido a recuperar também não é saudável e funcional e pode ter impacto negativo em si e nas suas relações. Uma vida emocional saudável pressupõe sentir e responder às emoções o que se torna difícil se a tendência é para passar demasiado depressa à frente. Isto é verdade também no domínio das relações: se formos demasiado rápidos para sentir, dar significado e responder às emoções dos outros eles vão sentir que somos frios ou distantes.
Agora chegou a sua vez! Sugiro que reflita na forma como costuma lidar com as adversidades e o stress? Qual o seu estilo de resiliência: em momentos difíceis responde com determinação e energia, ou resigna-se e fica preso ao problema?
Se não lhe ocorre ou não enfrentou grandes adversidades ou períodos de stress pense numa pequena adversidade. Aliás as formas como lidamos com as pequenas adversidades da vida são indicativas sobre como lidamos com as maiores. Por exemplo, quando discute com o seu companheiro ou companheira ultrapassa rapidamente ou fica uma semana a remoer no que aconteceu e com dificuldade em largar o assunto?
Para ter uma ideia que tipo de resiliente é, ou seja se está mais perto do polo lento a recuperar ou se está mais próximo do polo rápido a recuperar proponho que faça este mini-teste. Com os seus resultados tem oportunidade para refletir o que precisa mudar/ ajustar na forma como lida com os acontecimentos.
Em termos de intervenções cientificamente testadas:
O Mindfulness permite aumentar a resiliência, ser mais rápido a recuperar, sem ser demasiado rápido, ao permitir uma nova forma de se relacionar com os seus pensamentos e as suas emoções.
O treino cognitivo é também uma abordagem utilizada para o ajudar a questionar os seus pensamentos e reformular os acontecimentos numa perspetiva equilibrada e racional.
O treino e foco nas emoções e meditação de compaixão é o que recomendamos se pretende mover-se para o polo mais lento a recuperar, para aumentar a consciência emocional em si e nos outros e a conexão aos outros.
Se ainda tem muitas perguntas sem resposta contacte um dos muitos profissionais da Oficina de Psicologia que o ajudarão a encontrar o equilíbrio e bem-estar que precisa!
E se… eu não me preocupar?
E se … eu não me preocupar? A função da preocupação [...]