Autor: Margarida Marcão
As pessoas esperam encontrar a sua cara-metade e que as suas relações conjugais sejam duradouras e satisfatórias. Contudo, a relação conjugal é uma construção e um casamento satisfatório, como os estudos mostram, é mais uma questão de trabalho em equipa do que uma questão de escolha certa.
Ao longo do século XX, as investigações sobre a compreensão da vida amorosa e conjugal, em especial dos processos envolvidos nas relações satisfatórias, têm-se multiplicado. Contudo, a definição do conceito de casamento satisfatório não tem sido tarefa fácil. Envolvendo o casamento duas pessoas, cada uma com um conjunto complexo de vivências prévias que se juntam numa vida nova, um imenso número de factores interconectam-se nessa nova vida a dois. A dificuldade está em saber quais e em que medida esses factores definem um casamento satisfatório.
Segundo Minuchin e Olson, os casais satisfeitos parecem ser aqueles que são funcionais, que conseguiram manter uma forte ligação emocional, mudar a estrutura de poder, papéis e regras e desenvolver padrões de comunicação adequados ao longo da vida conjugal e face a situações de crise. Kaslow e colaboradores também encontraram estas características em diversos estudos que realizaram em diferentes países de diferentes continentes, tendo concluído ainda que se tratam de casais com competências adequadas de resolução de conflitos, confiança, compromisso, apreciação, amor e respeito entre os cônjuges, sensibilidade aos sentimentos do outro, valores e interesses em comum e capacidade para dar e receber. São também casais em que os cônjuges são bons amigos, gostam de passar o tempo juntos e valorizam o aspecto sexual da sua relação. Gottman e Silver afirmam que casais felizes são aqueles que vivem um casamento emocionalmente inteligente, ou seja, aqueles que, no seu dia-a-dia, conseguem impedir que os pensamentos e sentimentos negativos se sobreponham aos positivos, o que implica ter a capacidade de entender, honrar e respeitar-se mutuamente.
De uma forma geral, hoje em dia, a satisfação conjugal é entendida como um fenómeno complexo no qual interferem diversos factores, como as características da personalidade, valores, atitudes e necessidades dos cônjuges, sexo, existência ou não de filhos e níveis de escolaridade, socioeconómico e cultural. A satisfação conjugal é vista, também, como o valor subjectivo que os cônjuges atribuem ao casamento. Decorre das expectativas e aspirações que os cônjuges têm em relação ao casamento, em comparação com o que vivenciam, efectivamente, no seu casamento.
Seu texto é claro e bem munido de informações, gostei da maneira como as características emocionais e atitudinais necessárias ao bom relacionamento conjugal foram expressas.
No seu segundo parágrafo pode-se ler o seguinte:
“…manter uma forte ligação emocional, mudar a estrutura de poder, papéis e regras e desenvolver padrões de comunicação adequados ao longo da vida conjugal e face a situações de crise. Kaslow e colaboradores também encontraram estas características em diversos estudos que realizaram em diferentes países de diferentes continentes, tendo concluído ainda que se tratam de casais com competências adequadas de resolução de conflitos, confiança, compromisso, apreciação, amor e respeito entre os cônjuges, sensibilidade aos sentimentos do outro, valores e interesses em comum e capacidade para dar e receber. São também casais em que os cônjuges são bons amigos, gostam de passar o tempo juntos e valorizam o aspecto sexual da sua relação.”
Ao ler tal explicação, indaguei sobre os contextos que propiciariam a ocorrência destas condições favoráveis.
Em sua visão, qual seriam as condições situacionais gerais implicadas na presença dos comportamentos conjugais descritos no seu segundo parágrafo?
Caro Thiago,
Não será fácil indicar quais as condições ou os contextos para que os “comportamentos favoráveis” estejam presentes no casal.
A relação do casal deverá crescer, ser trabalhada, ajustada e alimentada durante a vivência dos bons e dos maus momentos.
Não deve ser apenas alvo da nossa atenção apenas nos momentos de crise.
Existem determinadas condições que ajudam a melhorar a relação e a forma como os cônjuges lidam com as adversidades, como a prevalência duma comunicação assertiva, construtiva e pouco crítica.
A presença duma atitude empática e a inexistência duma atitude de competição ou de cobrança perante o cônjuge também ajudam a criarem condições favoráveis para a valorização do amor, respeito e apreciação ente ambos.
O casal deve promover um canal de comunicação “aberto” à discussão e ir falando das suas inseguranças, dos seus valores, da importância que dão aos momentos e aos comportamentos, para que possam funcionar como uma “equipa” perante os desafios e os obstáculos.
Abraço,
Gustavo Pedrosa