Facilmente conseguimos perceber que a satisfação dos nossos desejos está associada a uma sensação de bem-estar. Quando não conseguimos obter essa satisfação de uma forma imediata, a sensação de bem-estar que surge depois tem um impacto maior. Por exemplo, se estamos sedentos e temos de esperar um momento para poder beber um copo de água, quando finalmente o conseguimos fazer, essa água parece-nos a melhor que bebemos na vida – o que não teria acontecido se estivéssemos ao pé da torneira e a tivéssemos bebido quando começámos a ter sede. Por isso, podemos supor que, quanto maior é o desejo, maior é a satisfação. No entanto, se passado um tempo o desejo não nos satisfaz, esse desejo desaparece ou surge a frustração.
O amor implica desejar coisas do outro e a sedução tem a ver, em grande parte, com o adiamento da satisfação desse desejo.
Ao seduzir, está a apelar-se à outra pessoa que se aproxime e, quando esta o faz, dá-se um passo atrás para repetir novamente a situação. A cada convite e afastamento está a provocar em si e no outro uma sensação de ansiedade, de desespero por não obter o que deseja naquele momento. Por isso, por outras palavras, podemos dizer que aumentamos o desejo porque adiamos a gratificação.
O facto de desejarmos o que não temos baseia-se na carência. Se estivermos constantemente atentos ao que o outro quer, antes que ele deseje algo, deixamo-lo “vazio de desejo.” E, assim, acontece-lhe o mesmo que a uma criança a quem os pais compram tudo o que quer: já não sabe o que quer.
As pessoas que têm uma baixa auto-estima têm sempre como prioritárias as necessidades do companheiro. A longo prazo, acabam por ser abandonadas ou maltratadas porque o companheiro, tal como a criança referida no exemplo anterior, não encontra nelas nada de novo que desejar.
Manter um equilíbrio entre dar e receber é fundamental para o bom relacionamento da relação. Não é uma questão de medir o que cada um dá, mas sim gostar suficiente de si próprio para que este equilíbrio se estabeleça de modo automático. Quantas vezes já ouvimos alguém dizer “Dei-lhe tudo, absolutamente tudo, e abandonou-me…”?
Há uma ideia que, no fundo, tem muito de verdade: as pessoas gostam de viver na aventura ou, por outras palavras, gostam que se adie a satisfação dos desejos para que estes, no fim, se satisfaçam.