Prefere ouvir?
Ou prefere ler?
Viajar ouvindo, contando ou lendo histórias.
Era uma vez um bebé aconchegado no útero da sua mãe.
A ideia de contar uma história a um bebé ainda no conforto da barriga da sua mãe parece-lhe estranha? Nunca é cedo demais para se iniciar a aventura da leitura! Ainda na barriga o bebé adorará ouvir a voz da sua mãe e, dessa forma, o vínculo emocional começa a fortalecer-se.
Era uma vez um bebé, deitado no berço.
Dia após dia, os bebés esforçam-se por assimilar e processar a informação linguística que recebem. Vozes graves, vozes agudas. Vozes que falam rápido ou muito devagar. Vozes que sussurram ou que parecem gritar. Uma história contada ou lida por uma voz familiar tem um impacto extraordinário no crescimento cognitivo, social e emocional de um ser humano. Nos primeiros meses de vida, o mais importante não é que a história faça sentido. O que o bebé/criança anseia é ouvir o som da voz dos adultos que conhece. Conversem sobre a ida à vacina, ao supermercado ou ao jardim. Crie as suas histórias enquanto viajam juntos. Cruch, cruch, cruch… Saltava o João em cima das folhas amarelas e secas caídas no chão junto aos pinheiros. Ping, ping, ping… Começara a chover e o João corria. O cruch cruch dera lugar ao splash, splash, das suas galochas sobre as poças de água que entretanto se haviam formado.
Era uma vez uma criança… Com curiosidade, observava as paredes forradas de livros da biblioteca da casa dos avós. Com entusiasmo, espreitava por cima dos ombros da mãe que lia atenta um romance. Com interesse, olhava o seu pai sentado no sofá cujos olhos absorviam as letras do jornal. Corria para o seu quarto. Observando a lombada dos vários livros da sua pequena estante, escolhia um livro e sentava-se no grande tapete cor de rosa do seu quarto. Fechava os olhos e sorria. Recordava quando ao colo do pai acompanhava as suas palavras enquanto ouvia as suas histórias preferidas. As imagens dos livros rumavam à imaginação e acrescentava-lhe pormenores. Inventava novas personagens, novas paisagens e criava novos finais. Hoje escolhe e lê os seus livros. E viaja sem sair do lugar.
O acto de ler e ouvir histórias permite explorar vários caminhos: o da curiosidade, o da vontade de aprender, o da criatividade. Ler ajuda a saber. Ler ajuda a escrever. Ler ajuda a conhecer. Quanto mais cedo este hábito for estimulado, maior a probabilidade de se tornar numa rotina geradora de grande prazer. Sem dúvida, crescer num ambiente onde existem livros e pessoas que lêem, tem um efeito de modelagem, potenciando a vontade de mergulhar no mundo da leitura.
Inês Afonso Marques
Psicóloga Clínica
Coordenadora Equipa Mindkiddo – área infanto-juvenil
Oficina de Psicologia
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