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Gustavo Pedrosa

Gustavo Pedrosa

Tem a sensação que o seu marido não fala do que o preocupa? Que está cada vez mais introvertido?

Achas que a sua mulher não se cala? Que fala demasiado sobre tudo o que se passa?

Na prática clínica, são frequentes as queixas de maridos ausentes, pouco comunicadores e introvertidos. Geralmente existem queixas de pouca expressão emocional, de pouca opinião na vida do casal e posições pouco claras. Este padrão é, eventualmente, quebrado com episódios de agressividade verbal durante uma discussão.

Já os maridos queixam-se com frequência de algum excesso de queixas… Ou seja, as mulheres tendencionalmente têm uma atitude mais emocional e expansiva que os homens. Para alguns, poderá ser mesmo demasiado expansiva.

Em suma, elas queixam-se porque eles não se queixam! Eles queixam-se porque elas estão sempre a queixar-se!

 

Esta atitude desequilibrada entre homens e mulheres é natural, pois a nossa sociedade ainda leva a que essas diferenças de papéis existam. Também a educação nas meninas é muito diferente da dos meninos, levando a uma diferença de atitudes e expressividade. Os rapazes tornam-se mais competitivos e escondem as emoções como defesa. Já as raparigas aprendem a serem mais expansivas e emocionais, tendo muito mais cuidado na atenção ao outro e aos seus sentimentos.

Esta diferença pode levar a extremar-se a comunicação e as próprias posições do casal.

Se durante as tentativas de modificar estes padrões de comunicação, houver uma atitude de repreensão por parte do cônjuge, pode resultar nalguma resistência a estes papéis sociais. Ou seja, quando o marido começar a falar com pouco mais do que está a sentir, do que o aflige, do que não concorda ou de um outro ponto de vista, e da mulher houver uma atitude de crítica, de desvalorização ou de ignorar a mesma, esse movimento pode não repetir-se.

Quando a mulher começa a sentir que aquilo que diz é ignorado ou desvalorizado, tende a aumentar ainda mais a sua expressão emocional. Inicia-se assim um ciclo que leva a um extremar de posições e que, em último caso, cria uma comunicação deficiente e disfuncional.

Para que o casal não complete os seus naturais ciclos de vida sem comunicar e sem partilhar, mesmo quando já estão só os dois, há que aclarar algumas estratégias de uma boa comunicação.

Revisitem conceitos como assertividade, respeito e consideração – são fatores chave de uma boa comunicação na relação.

As mudanças na comunicação devem ser progressivas, aprendendo a respeitar os sentimentos do cônjuge e o bem-estar de ambos.

Assim, deverão ser valorizados os esforços para a mudança, mantendo a atenção em alta e a crítica em baixa.

Lembre-se que a reação que tem perante um comentário do outro poderá inibir essa mudança.

Lembre-se também que a linguagem não-verbal é, por vezes, tão ou mais importante que a verbal.

Por fim, lembre-se que a relação não é uma competição. Não tem que chegar ao fim de uma discussão e o cônjuge ter uma opinião diferente da inicial.

Valorizem essa diferença e não fiquem retidos nela.