São muitas as crianças que vivem entre duas casas: umas adaptam-se relativamente bem, para outras estas mudanças de quarto semanalmente podem tornar-se muito difíceis e confusas, porque se torna mais complicado criar o seu espaço de segurança e estabilidade. Esta estabilidade poderá ser ainda mais difícil se as rotinas, hábitos e regras forem muito distintas em cada uma das moradas. Se para nós enquanto adultos, mudar de casa todas as semanas já poderia não ser uma realidade simples, imagine-se que na casa A tinha um tipo de regras e rotinas e na casa B regras completamente diferentes? Não seria fácil pois não?… Para uma criança também não será.
Por outro lado, sabemos que os divórcios são uma realidade e que uma grande maioria de pais se sente injustiçada nas partilhas de tempo que não passem pela guarda conjunta e pelo poder e vivência com os seus filhos a 50%. Como tal, é importante que se tenham alguns cuidados para que a mudança alternada de casa não se torne muito confusa e desorganizadora para a criança:
– As regras devem ser iguais na casa da mãe e na casa do pai – esta consistência é crucial para o equilibrio e formação de qualquer criança e evita a manipulação com os pais;
– Aproximar o mais possível os hábitos e rotinas na casa da mãe e na casa do pai;
– É importante que após o divórcio as crianças mantenham a mesma escola e os seus amigos (de forma a minimizar as mudanças);
– Permitir que a criança leve consigo alguns objectos de uma casa para a outra, de forma a manter uma espécie de harmonia entre os dois espaços.
Uma mudança, é sempre uma mudança e por isso os pais devem ficar atentos e aceitar que os seus filhos podem reagir a esta situação nova. A comunicação simples e saudável é sempre uma arma nuclear nestes processos. O divórcio é uma situação comum, mas não deixa de ser difícil. Para que seja o mais indolor possível é importante não alterar radicalmente a realidade de vida da criança e estar atento a qualquer mudança brusca do seu comportamento (agressividade ou apatia), sono, apetite, relações com os outros (familares e/ou pares), medos, desempenho escolar, etc.
Lembre-se que são em fases de mudança que precisamos de maior apoio, conforto e segurança. É também isso que o seu filho precisa.