Quem quer executar bem e eficazmente as suas tarefas no trabalho?
Atrevo-me a dizer que não existirão pessoas que respondam “não” a esta pergunta. E em jeito introdutório de pregão hoje falo-lhe de performance profissional e como as neurociências nos ensinam e podem ajudar a aumentá-la.
Como a própria palavra significa, performance é o ato ou processo de executar uma tarefa ou função. Mas esta mera descrição de significado é tao redutora no contexto laboral, pois é um conceito complexo, devido a influências de diversas variáveis como personalidade, motivação, contexto de trabalho, cultura, entre outros, e muitas destas variáveis são mutáveis no tempo.
Todos ambicionamos uma boa performance no trabalho e a equação simplista é feita da seguinte forma – a performance aumenta quanto maiores forem os nossos resultados quando comparados com um menor esforço. Em teoria não parece complicado, na prática implica outra montanha de conceitos e variáveis.
A neuropsicologia tem estudado conceitos associados a performance no trabalho e hoje falo-lhe das conclusões em alguns destes tópicos, designadamente, motivação, gestão de tempo, “multitasking”, bem-estar e “efeito Mozart”.
Muito se fala de motivação como sendo uma das receitas para uma boa performance no trabalho. Na verdade, ainda que sendo uma variável importante, não é suficiente por si só pois é um recurso “esgotável” em nós e que nos leva a pensamentos ruminativos como “tens que tentar mais”. O que acontece no cérebro para explicar este fenómeno? O nosso cérebro avalia as partes mais difíceis de uma tarefa e como mecanismo de compensação foca-se em tarefas mais pequenas e de menor significado. No entanto, está constantemente a alertar-nos para o fato de termos que terminar a tarefa. Este é chamado o efeito de Zeigarnik. O objetivo deste efeito é nos levar a terminar algo que começámos, mas na verdade, em muitos dos casos e em muitos de nós, quando não terminamos, levamos a sentimentos de desconforto e a pensamentos intrusivos sobre não termos concluído a tarefa.
Gestão de tempo é outro tema associado, normalmente com ênfase na quantidade. Ora aqui está outro erro pois a neurociência mostra-nos que quanto mais tempo temos para as tarefas mais nos focamos em tarefas pequenas. O enfoque deverá ser na qualidade do tempo e na gestão da mesma. Ou seja, recomendam-se períodos de trabalho intenso em tarefas complexas seguidos de intervalos, por exemplo, 90m de trabalho intensivo e 15 a 20m de intervalo de cada vez. Esta é uma técnica usada por músicos famosos pelo mundo fora, fica a curiosidade. Agora claro que esta gestão da qualidade do tempo depende de disciplina e hábitos que vamos criando e não, mais uma vez, de força de vontade ou motivação. E como operacionalizamos esta disciplina e hábitos? O nosso cérebro responderá melhor se elaborarmos prazos e avaliarmos o progresso passo a passo. Esta é uma técnica de combate objetiva contra a procrastinação e a ruminação em tarefas pequenas.
Então e o tão falado “multitasking”, a capacidade de fazer várias tarefas ao mesmo tempo? Estudos na área das neurociências mostram que este conceito pode reduzir a performance até 40% e ainda que, em média, apenas 2% das pessoas têm esta competência. O que funciona é criar uma lista de plano de ação para o dia seguinte por exemplo, em que dividimos as tarefas maiores em tarefas mais pequenas. Desta forma, o nosso cérebro vai avaliar a tarefa como mais exequível e o começar da mesma será mais fácil.
Na área do bem-estar qualquer investigação na área da saúde física e psicológica evidencia os benefícios de bons hábitos de sono, alimentação e um equilíbrio entre stress e relaxamento. Não vou entrar em detalhes neste tópico pois tanto se tem escrito sobre estes alicerces do bem-estar que já conseguimos dizer isto de olhos fechados e ao pé-coxinho.
Por último, falo-lhe do “efeito Mozart”. Este conceito já foi categorizado como falso, mas ainda assim muita tinta correu com a ideia de que ouvirmos música de Mozart aumentava a performance. Então porque ainda assim lhe falo de este efeito, que até já está ultrapassado? Porque com ele surgiram novos estudos que mostraram que a música tem sem dúvida um papel importante na performance, mas não se resume a Mozart. Desde condicionar o nossos estado emocional e ser condicionada pelo mesmo, a ter influência na nossa fisiologia como por exemplo o ritmo dos nossos batimentos cardíacos, a subconscientemente nos condicionar a agir, a ajudar na redução do nosso stress e ansiedade, muitos são os motivos pelos quais deverá introduzir música na sua vida laboral. Como? Explico-lhe tudo aqui
A ciência ajuda-nos todos os dias a viver melhor, e hoje revelei-lhe alguns segredos para trabalhar em sintonia com o seu cérebro para que aumente a sua performance laboral. Porque também esta é uma área importante para o nosso bem-estar geral. Sinta-se bem! Experimente!
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