A PHDA e as interações sociais em adolescentes
Na fase da adolescência, os jovens tendem naturalmente a olhar menos para a família e a virar-se mais para o seu grupo de amigos. O foco no grupo de pares, onde se encontram formas de pensar, valores, ideias e crises existenciais semelhantes permite ter um sentimento de pertença, e a construção da visão de si mesmo e do mundo se vai alicerçando. É no grupo de amigos que se irá edificar a identidade social do jovem, onde se desempenham papéis e constroem relações que irão contribuir para o seu auto-conceito e fortalecimento da sua autoestima.
Os adolescentes com perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA), têm algumas dificuldades acrescidas nesta fase tão intensa da vida. Algumas competências emocionais e sociais estão diminuídas, e por isso as interações sociais pode ser bastante difíceis.
O risco de existir mal-entendidos aumenta significativamente nestes jovens, devido à incapacidade para perceber pistas emocionais e contextuais, principalmente quando estão distraídos com outras coisas, o que pode ser sentida como falta de empatia com o que o outro está a sentir.
A sua impulsividade pode contribuir para os conflitos. Devido à dificuldade no seu autocontrolo, acabam por ter comportamentos sem pensar bem nas consequências e quando dizem tudo o que lhes passa no pensamento, muitas vezes pode ser pouco aceite pelos outros. A própria desregulação emocional e a fraca tolerância à frustração culminam muitas vezes em explosões de raiva, zangas e término nas relações. A mudança frequente de grupos de amigos e de relacionamentos amorosos é vista em alguns estudos.
A investigação também diz que os jovens com PHDA consideram ter pouco suporte social dos seus pares. Para além de apenas uma perceção, isto pode ser mesmo uma realidade. Os outros adolescentes podem sentir que não são compreendidos, e sentirem-se magoados devido a comportamento menos positivos e consideram que os jovens com PHDA são pouco sensíveis, irritantes, conflituosos e acabam por afastar-se.
Com o tempo, os jovens que sofrem de PHDA podem acabar por ser excluídos dos grupos, tendo grandes implicações na sua autoestima, sentimento de competência e de pertença.
O desenvolvimento de competências sociais, aprender a ler e regular as emoções mais explosivas e a moderar a frustração são peças importantes para que estes desafios sejam ultrapassados, para que o jovem cresça e se torne um adulto com uma autoestima robusta e seja um adulto bem integrado, autónomo e sobretudo, mais feliz.
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