Tentar “adivinhar” o que o outro está a pensar ou a sentir é uma competência que todos nós temos. Todos os dias, quando o chefe nos chama, quando um amigo nos visita, ou quando ajudamos o filho com os trabalhos de casa, tentamos “ler a mente do outro”. Recorrendo à nossa “base de dados” de memórias e de emoções, procuramos pistas, analisamos sinais e inferimos o que se estará a passar com o outro, o que pensa ou sente quando comunica, ou seja, criamos uma “teoria” sobre o seu estado interno. Esta competência está presente assim que nascemos. Os bebés começam a imitar as expressões faciais do adulto e a utilizá-las para guiar o seu comportamento. Com o tempo começam a compreender que os outros têm pensamentos, sentimentos e crenças diferentes dos seus e desenvolvem a sua “teoria da mente”.
“Adivinhar” ou “ler a mente” não é aqui entendido como telepatia mas sim como empatia – a experiência de tentar compreender o outro a partir da sua perspetiva, ou, como se costuma dizer, colocando-nos no seu lugar.
A empatia não é ferramenta exclusiva dos psicólogos – todos nós a utilizamos para comunicar e nos relacionarmos com os outros. Quando tentamos adivinhar o que o outro está pensar estamos a dar significado ao seu comportamento e a “decidir” que reação devemos ter: negociar, colaborar, aproximar, afastar, competir, etc. Os psicólogos costumam descrever a empatia como uma forma de inteligência social; o senso comum chama-lhe sexto-sentido. A empatia é uma forma de sensibilidade que nos permite desenvolver relações de maior proximidade e estar em sintonia com o outro.
Experimente na próxima interação “não ler a mente do outro”… é difícil e pode até ser negativo.
É importante cultivar a empatia e ao mesmo tempo termos a sensibilidade de saber geri-la nas relações. É verdade que nem sempre temos de nos precipitar a tirar conclusões, ou que o outro precisa de espaço e de compreender por si próprio, ou que temos de reagir a pensamentos que surgem. Esta sensibilidade é desenvolvida ao longo da vida e exige um autoconhecimento: identificar pensamentos distorcidos, reconhecer emoções que vão influenciar a leitura e significado que atribuímos ao comportamento dos outros.
Quanto mais conscientes estamos do que pensamos e sentimos mais facilmente compreendemos o outro, o que está a sentir e o que precisa de nós… mesmo que o outro não saiba!
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