O despertador toca. Ainda não colocou os pés no chão e já correu uma maratona mental. Talvez percorra o seu dia em imagens, antecipando cenários do que poderá acontecer; talvez sinta o seu corpo tenso ou, talvez, se sinta apenas sonolento depois de uma noite mal dormida. Ainda que existam critérios devidamente validados para discriminar o que é (e não é) ansiedade, esta não se manifesta do mesmo modo na vida de todas as pessoas.
Uma das consequências não tão óbvias da ansiedade é o evitamento, que se configura uma estratégia para escapar a esta experiência interna tão desconfortável. Esta postura resulta frequentemente num alívio, mas, ironicamente, constitui combustível que alimenta ainda mais a ansiedade inicialmente sentida. Por vezes, vem com um bónus de insegurança e crenças negativas sobre si, uma vez que este evitamento frequentemente despoleta uma cascata de questões relacionadas com a sua própria capacidade para estar à altura dos desafios.
Quando pensamos em evitamento surgem-nos, por exemplo, imagens de alguém que, tendo ansiedade relativa a situações sociais, evita estes contextos ou, outro exemplo, alguém extremamente preocupado com uma conversa difícil se envolve num scroll infinito pelas redes sociais como fuga ao próprio desconforto. No entanto, até mesmo o evitamento pode assumir diversas configurações.
De forma paradoxal, uma resposta instantânea e exagerada a uma situação pode ser um sinal de evitamento, neste caso não da situação, mas das próprias emoções. Imagine que acabou de receber um email de trabalho que o tirou do sério e imediatamente telefona a um colega para comunicar o seu desagrado. Quando dá por si, a ansiedade sentida inicialmente multiplicou-se, ainda que o objetivo fosse libertar-se das sensações difíceis que o percorriam.
Outro processo que poderá estar alicerçado em ansiedade é o da permanência – permanência em trabalhos, relações, situações que já não o servem, mas cuja saída se afigura demasiado assustadora ou desconfortável. Uma vez mais, correndo o risco de a ansiedade aumentar ou de se questionar a si mesmo.
Importa, contudo, esclarecer que todos nós sentimos algum grau de ansiedade no decurso das nossas vidas e todos nós recorremos a mecanismos como os acima descritos, numa tentativa de retomar o equilíbrio interno. No entanto, quando a “fuga” se torna a resposta prevalente é importante questionar a sua função e eficácia.
Assim, deixo-lhe algumas estratégias para quando der por si a optar pelo caminho do evitamento:
● Tome consciência dos seus pensamentos. O que lhe dizem? Procure evidências que o justifiquem e que o questionem. Lembre-se que, por vezes, a ansiedade conta histórias distorcidas.
● Questione de que forma pode ir ao encontro dos seus medos, decompondo este processo em pequenos passos que sinta como alcançáveis.
● Faça um levantamento dos seus valores, do que é mais importante para si e quer trazer mais para a sua vida. Em momentos de ansiedade, tendemos a deixar que as nossas emoções levem a melhor, experimente agir em conformidade com os seus valores e reflita sobre as mudanças sentidas.
A palavra “ansiedade” tem trazido consigo um rótulo de vilã, fazendo-nos esquecer que este estado pode ser altamente protetor e adaptativo. Não se pretende deixar de ter medos, antes não deixar que estes rejam a sua vida. Acolha esta experiência e deixa que também ela guie o seu próprio caminho de crescimento pessoal. Iniciaremos um grupo terapêutico intitulado “Ansiedade e Stress” no qual exploraremos estas e outras ideias; venha ser curioso connosco!
O Impacto do Stress na Saúde
Assim como as ondas do mar são formadas devido a forças [...]
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