Sua mente vive viajando e divagando? Você percebe que basta iniciar algum trabalho que exija atenção (como por exemplo: ler um texto, escutar o professor ou redigir um documento) e seu pensamento pula para outro assunto, depois para outro e assim sucessivamente?
Se isso acontece com você, entenda que você não está sozinho. Todos nós temos essas escapadas de pensamento e, de certa forma, é importante que as tenhamos, já que viver absolutamente conscientes de todos os nossos pensamentos e atos ao longo do dia seria extremamente desgastante. Um estudo de 2010 realizado na Universidade de Harvard mostrou que uma pessoa normal gasta, em média, 47% de seu tempo em vigília (ou seja, quando está acordada) num estado de “vagabundagem” mental.
Entretanto, em um mundo moderno, com pessoas atribuladas e sobrecarregadas, corremos o sério risco de passar muito mais da metade de nosso tempo numa espécie de “piloto automático”, vivendo sem observar. Precisamos estar presentes no que vivenciamos em alguns momentos ao longo do dia, percebendo nossos pensamentos, sensações e sentimentos. Se não for assim, perdemos a rica e indispensável oportunidade de integrar a experiência da consciência em nossa vida cotidiana e é justamente essa observação que nos fornece autoconhecimento e um maior discernimento para vivermos melhor.
As perguntas que inquietam a sua mente agora devem ser: “como fazer isso? Como aumentar minha concentração e também estar mais consciente das minhas atitudes e emoções”? Aqui entra a famosa meditação! Não, não estou falando para você mudar suas roupas e sua alimentação e ficar horas e horas sentado, meditando. Nada contra se você quiser; só estou dizendo que não é necessário. Você pode colher muitos frutos de uma prática meditativa dedicando-se apenas alguns minutos por dia a experiência de “estar presente” (ser mindfulness).
E a forma mais fácil de fazer isso é desenvolver o hábito de observar, de forma intencional, as suas experiências cotidianas. O nosso dia-a-dia é um rico cenário de experiencias diversas, fornecendo a oportunidade perfeita para mudarmos a nossa atenção para o momento presente – ou seja, colocar toda a nossa atenção no que vemos, ouvimos e sentimos.
Sugiro que você comece a exercitar o hábito de “trazer sua mente” para a escada que você está subindo, para a fila do banco enquanto você espera, no alimento que está ingerindo, etc. Num primeiro momento, observe. Simplesmente leve sua atenção para o que está presenciando, com curiosidade e sem julgamento. Depois mude o foco de sua atenção para algo estável, de preferência em seu corpo: preste atenção na sua respiração, nas suas sensações físicas. Por último, apenas fique na experiência por 15 a 30 segundos, saboreando a sensação de “estar presente”. Usufrua.
Sei que, a princípio, isso pode parecer tolo e inútil. Não se engane! Desenvolver a habilidade de deixar sua mente ir e, gentilmente, trazê-la de volta para um foco de atenção pode ser um antídoto perfeito para o estresse e a inquietação que muitos de nós experimentamos todos os dias. E o mais importante é que quanto mais você praticar, mais efeitos colherá. Portanto aproveite cada momento – não importa o quão comum ou banal – como uma oportunidade para reconciliar seu cérebro na consciência do momento presente.
Comece hoje!
Júnea Chiari – Psiquiatra
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