Transtorno de Personalidade Borderline ou Limítrofe

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Personalidade borderline

Antes de falar sobre o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é preciso definir o que é personalidade e seus transtornos. De uma forma simplificada, personalidade é um conjunto de traços psíquicos que constituem o total das características de uma pessoa, inatas (temperamento) e adquiridas (caráter) ao longo da vida. Essas características irão estabelecer e guiar um padrão de comportamento, que será a maneira do indivíduo pensar, perceber e se relacionar.
Já o transtorno de personalidade é um padrão maladaptativo de experiências pessoais, disseminado, contínuo, inflexível e com comportamentos patológicos, cujo diagnóstico deve ser pensado após a adolescência ou início da vida adulta.
O Transtorno de personalidade Borderline – TPB (também conhecido como “transtorno de personalidade emocionalmente instável”) manifesta-se essencialmente por um padrão de comportamento marcado pela impulsividade e instabilidade de afetos, relacionamentos interpessoais e autoimagem. Este padrão ocorre em uma variedade de situações e contextos, mesmo quando a situação pareça bastante desproporcional à resposta afetiva.

Outros sintomas comuns:

• Enorme medo e consequentes esforço para evitar o abandono (real ou imaginário);
• Um padrão de relações intensas e instáveis com familiares e amigos, muitas vezes passando de extrema proximidade e amor (idealização) a extrema raiva (desvalorização);
• Autoimagem ou sensação de si distorcida e instável;
• Comportamentos impulsivos, como gastar dinheiro demais, sexo inseguro, abuso de substâncias, direção imprudente e compulsão;
• Comportamentos ou ameaças suicidas recorrentes ou comportamentos de automutilação, como cortes;
• Humor altamente variável, mudando dentro de algumas horas a alguns dias;
• Sentimentos crônicos de vazio;
• Raiva imprópria, intensa ou desproporcional;
• Tende a ter pensamentos paranóicos (de perseguição) quando estressadas;
• Sintomas dissociativos, como sentir-se fora do corpo ou perder contato com a realidade.

Causas e fatores de risco:

As causas do TBP ainda não estão claras e, assim como em outros transtornos mentais, são complexas e não há consenso a seu respeito. Entretanto pesquisas sugerem que fatores genéticos, cerebrais, ambientais e sociais estão provavelmente presentes.
• Genética. O TPB tem uma chance 5 vezes maior de ocorrer se uma pessoa tiver um familiar próximo (parentes biológicos de primeiro grau) com o transtorno.
• Fatores ambientais e sociais. Muitas pessoas com TPB relatam experiências traumáticas, tais como abuso ou abandono durante a infância. Outros podem ter estado expostos a relacionamentos instáveis e conflitos hostis. No entanto, algumas pessoas não têm história de trauma. E, muitas pessoas com história de eventos traumáticos da vida também não têm TPB.
• Fatores neurobiológicos: estudos mostram alterações na estrutura e função de certas áreas do cérebro, especialmente as que controlam impulsos e regulação emocional.

Diagnóstico:

Infelizmente, BPD é muitas vezes sub ou mal diagnosticado. Um profissional de saúde mental (como um psiquiatra ou psicólogo) pode diagnosticar o TBP com base em uma entrevista completa, perguntando sobre sintomas e histórias médicas pessoais e familiares, incluindo qualquer história de doenças mentais. Esta informação pode ajudar o profissional de saúde mental a decidir sobre o melhor tratamento.

Tratamentos:

O TPB sempre foi visto como um transtorno difícil de se tratar. No entanto, como uma melhor compreensão da doença e com um tratamento e adequado, muitas pessoas apresentam melhora (diminuição da frequência e gravidade dos sintomas). Mesmo assim, não há milagres e, às vezes, muito tempo decorre entre o início do tratamento e a melhora clínica. Por isso é importante que as pessoas “borderline” e seus familiares tenham informação e noção da dificuldade de se tratar esse distúrbio. É importante ter em mente que pessoas com BPD podem se recuperar e viver muito melhor!

A psicoterapia (ou “terapia de conversa”) é o principal tratamento para o TPB; ela pode aliviar alguns sintomas e o cliente irá aprender a entender melhor suas emoções e a interagir melhor com outras pessoas. Existem algumas linhas psicoterapêuticas mais eficientes no tratamento do TPB, como a Terapia comportamental cognitiva (TCC), Terapia dialética comportamental (DBT), a Terapia de esquemas, entre outras.

É importante confiar e ter afinidade com seu terapeuta, entretanto pela própria natureza do distúrbio, pode ser difícil para as pessoas com este transtorno desenvolver e manter um vínculo confortável e confiante com seu terapeuta.

Os medicamentos não devem ser utilizados como tratamento principal, mas podem ajudar a tratar sintomas específicos, como mudanças de humor, depressão ou outros distúrbios que podem ocorrer com o transtorno. O medicamento pode ser particularmente importante para lidar risco de suicídio e a automutilação.

Como você pode ajudar um amigo ou parente que tenha TPB?

Se você conhece alguém com TPB, isso também te afeta. A primeira e mais importante coisa que você pode fazer para ajudar é obter o diagnóstico e o tratamento corretos. Você pode precisar acompanhar o seu amigo ou familiar para ver o psiquiatra e o psicólogo. Incentive-o a permanecer em tratamento ou procurar tratamento diferente se os sintomas não parecerem melhorar com o tratamento atual.

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Júnea Chiari
Júnea ChiariPsiquiatra; CEO OP BH
2017-10-07T12:09:20+01:004 de Setembro, 2017|
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