Há uns dias atrás lia no jornal Público um artigo com o título “Alunos e famílias não acreditam que estudar compense”. Um artigo que foca as expectativas negativas relativamente ao retorno de uma qualificação superior.
Ora este artigo provocou em mim algum desconforto, considerando aquilo que diariamente tantos e tantos jovens vão partilhando comigo…
Por um lado, se o descrédito face ao ensino superior, por parte dos pais, é assim tão grande porque assisto a exigências totalmente desadequadas de pais em relação aos filhos, no que ao desempenho escolar diz respeito? Porque exigem aos filhos que sejam sempre os melhores? Porque valorizam de forma quase irracional a nota de um teste e anulam quase na totalidade o mérito do esforço?
O que os pais me dizem…
“Foi bom, mas se os colegas tiveram melhor nota, ele também pode ter.” “Eu era o melhor aluno da turma, quero que ele também seja.” “Não há margem para brincadeiras. Tem exames de acesso à faculdade este ano.” “Para o ano vai para a faculdade, tem de se preparar para os exames. Acabou-se a diversão.” “Fiz-lhe um plano de estudo para o fim de semana. Quando regressarmos de viagem, vou ver se o cumpriu.” “Não usa as capacidades todas.” “Tenho a certeza que se se esforçar mais um bocadinho, consegue notas melhores.” “Gap year? Vai é já para a faculdade e para um curso onde haja emprego.”
Bom, poderia continuar num infindável rol de exemplos de verbalizações dos pais de crianças e jovens que acompanho. Desengane-se se está a pensar que são pais de alunos desleixados, desmotivados, sem planos futuros. Na grande maioria dos casos, estes pais são pais de rapazes e raparigas, esforçados, aplicados, motivados e, curiosamente, com desempenhos escolares acima da média.
Por outro lado, se os alunos não acreditam no valor do estudo, porque me procuram para conhecer melhor os seus gostos, as suas aptidões, as suas características de personalidade e as oportunidades de estudo, com vista a escolhas vocacionais conscientes?
O que os filhos me dizem…
“O meu pai obrigou-me a ficar a resolver exercícios até de madrugada, na véspera do teste.” “Tenho a sensação de que nunca estou ao nível do que os meus pais esperam de mim.” “Desde pequena que quero este curso. Não me quero desiludir, nem desiludir os meus pais que acreditam em mim. Mas sei que a ansiedade me faz ter imensas brancas nas avaliações.” “Dou sempre o máximo, mas dizem sempre que posso dar mais. Quando há um novo teste fico logo nervosa”. “Sinto-me pressionada a ir para um curso que não quero, só porque é a tradição da família.” “A sério que sei a matéria toda, mas chego ao teste e os nervos estragam tudo. Tenho um medo enorme de desiludir os meus pais.” “Sempre sonhei ir para este curso, mas os exames estão a tirar-me o sono. A cabeça não pensa em mais nada.”
O desejo das famílias para que os filhos tenham o melhor futuro do mundo fá-las, sem se darem conta, muitas vezes, criar pressões que alimentam um “monstrinho” chamado ansiedade de desempenho. Monstrinho esse, que me entra na sala do consultório, asseguro-vos, todos os dias, pelas mãos de alunos de todos os níveis de ensino.
Sabe-se hoje, melhor do que nunca, que o sucesso na vida está muito mais ligado a fatores associados àquilo que podemos denominar de inteligência emocional, do que a questões puramente cognitivas. Como me dizem alguns adolescentes: Para que me serve estudar, ter boas notas, se não sei lidar com as minhas emoções?
Isto leva-me a falar-lhe do Workshop exclusivo, que a Oficina de Psicologia vai realizar, no dia 24 de Março, dirigido a estudantes do ensino secundário e universitário, STOP Ansiedade aos Exames, e no qual serei uma das psicoterapeutas responsáveis. Poderá aceder à informação detalha e proceder à inscrição do seu filho aqui: https://oficinadepsicologia.com/event/stop-ansiedade-aos-exames/
Depois dele, a ansiedade não será factor que vos faça acreditar que estudar não vale a pena…
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