O ser humano desenvolve-se com a influência das diferentes referências sociais pelas quais vai passando, onde a família constitui o primeiro grande grupo de referência. Também é verdade que as famílias têm mudado muito a forma como se organizam e até constituem, pelo que tentamos analisar algumas diferenças entre as tradicionais famílias alargadas/numerosas do passado e as mais recentes famílias restritas do presente.
Grandes famílias, com irmãos, primos, avós, tios, representam no desenvolvimento de uma criança mais testemunhos de interação com o meio, mais exemplos, mais referências e até mais oportunidades para aliviar os pais das suas ansiedades e preocupações, que não se sentem tão sozinhos no processo de educação.
No entanto, surge de seguida um aspecto essencial a ter em consideração: a atenção individual de que cada criança necessita no afecto parental e que não pode ser substituída pelo afecto de um irmão, irmã ou tio. Por isso, quando o número de filhos é maior ou a dinâmica familiar é estendida entre muitos elementos, há que evitar falhas a estes níveis, garantindo que tudo é dado na medida certa.
Por outro lado, estas famílias numerosas têm “encurtado” e actualmente assistimos ao aumento das famílias de três elementos (pai-mãe e filho único). Ter filhos únicos é, sem dúvida, mais arriscado, pelo simples facto de que estão muito dependentes do funcionamento dos pais. Por outro lado, também é muito mais fácil cair na satisfação imediata das vontades dos mais pequenos, quebrando um princípio fundamental a transmitir na educação: “não podem ter tudo aquilo que querem”, porque simplesmente não podemos ter tudo aquilo que queremos na vida! Assim, é essencial que pequenas “frustrações” sejam vividas pela criança, para que não tomem mais tarde proporções muito negativas e/ou até perigosas. Quando dizemos que ter um filho único é mais arriscado, alertamos para a possibilidade de estar a concentrar toda a sua atenção, energia, afecto, capacidade de realizar vontade e desejos numa só pessoa, aumentando consideravelmente a possibilidade de ser demasiado. Na realidade, isso apenas vai depender de si e da sua conduta educativa.
A partilha é um factor essencial no crescimento de um ser humano e – mais importante que a vivência com os irmãos – são os pais que, acima de tudo, vão transmitir à criança a forma de estar na vida, a partilha, o altruísmo, o pensar no outro.
Portanto, independentemente das características da sua família (alargada ou restrita) é essencial que saiba dizer “não” e “sim” nas alturas próprias. Porque é assim que se cresce: seja numa pequena ou grande família.
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