É irrefutável o potencial positivo as novas tecnologias no desenvolvimento da nossa sociedade e cultura. Mas quando falamos da actual relação intensa dos nossos jovens com estas tecnologias, quando falamos de jovens que se fecham sozinhos nos seus quartos? Que se isolam da família e das relações presenciais com o seu grupo de pares? Quando pensamos nos conteúdos que os jovens têm hoje acesso em qualquer computador, em casa de amigos ou num outro qualquer ambiente informal? Será que esta informação de acesso fácil e não monitorizada pode evoluir rapidamente de um meio facilitador de acesso ao conhecimento para um factor desorganizador e destabilizador no desenvolvimento sócio-emocional destes jovens?
Estar online pode tornar-se uma adição tal como outras dependências (álcool, tabaco, jogo, drogas, etc.), que utilizada de forma compulsiva e sem controlo reduz a liberdade e altera o comportamento social das crianças e jovens.
Os filhos do século XXI estão muitas vezes sozinhos neste processo de crescimento… Uma vida cheia de stress, uma família cheia de stress… Pouco tempo para partilha em família, não há tempo! Mas os jovens estão em crescimento, estão a perceber o mundo, estão a aprender coisas… Sozinhos com os seus computadores não têm o suporte fundamental do adulto protector que lhe vai dando sentidos e significados às experiências pelas quais vai passando e conhecendo.
Assim sendo, não é uma surpresa que crianças mais inseguras, mais imaturas e com mais dificuldade em resolver os seus problemas se encantem rapidamente pelo “suporte” virtual das novas tecnologias (como forma de encontrarem uma estabilidade emocional), sendo por isso mais propensas a cair em dependência no uso descontrolado da Internet. A Internet torna-se uma forma fácil de fugir à realidade e compensar aquilo que falta e nem nos damos conta – diálogo e partilha em família.
Quando estamos perante uma criança adita às novas tecnologias é importante explorar o que levou aquela criança a privilegiar este tipo de comunicação? O que levou esta criança a negligenciar o contacto directo com o outro? O que levou esta criança a não estabelecer relações interpessoais? Será isto um sinal de perturbação emocional em que o uso exagerado das novas tecnologias são a causa? Ou serão também as novas tecnologias uma consequência de lacunas emocionais nos jovens e não só uma causa das mesmas?
Enquanto pai, mãe, familiar, cuidador, amigo… deve estar atento aos sinais de alerta:
- Utilização excessiva do computador, internet, televisão, consolas, etc.
- Isolamento da criança/jovem no quarto;
- Desinteresse escolar;
- Evitamento de actividades lúdicas ou desportivas;
- Sinal de irritabilidade na tentativa de redução da utilização.
É muito importante estar atento a estes sinais de alerta de forma a que não evoluam para uma situação de real dependência onde existe uma necessidade contínua e crescente de utilizar a Internet como forma de obter prazer, fugir de problemas, aliviar sentimentos de ansiedade e depressão. Muitos destes jovens começam inclusivamente a mentir a familiares e amigos, tentando encobrir o real tempo online, a escola e outros compromissos sociais ficam muitas vezes em 2.º plano ou são simplesmente esquecidos; podem surgir problemas físicos nas articulações devido ao elevado tempo passado na digitação de um teclado ou uso de comandos.
Sendo as novas tecnologias uma realidade da nossa sociedade e uma realidade com muitíssimos benefícios, o importante é saber fazer uso dela, para que se mantenha sempre neste papel positivo e não se torne numa “má companhia” para os nossos filhos.
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