Um trauma é a manutenção de uma resposta constante de alerta, de hipervigilância e hiperactivação sem um perigo iminente que a justifique.
Essa resposta pode traduzir-se em tensão muscular acumulada, insónias, pesadelos, flashbacks (que são memórias visuais intrusivas ligadas ao acontecimento traumático e que se repetem involuntariamente), desregulação emocional (onde poderão aparecer estados de ansiedade, estados de pânico, crises de choro, tremores, desligamento da realidade, entre outros.
Muitas vezes, na minha prática clínica, uso uma imagem com os meus pacientes para os ajudar a compreender o que é um trauma.
Um trauma é como as réplicas de um sismo. Quando se dá um sismo, sobretudo na zona do epicentro, onde o sismo se iniciou a terra treme, por vezes, com bastante violência.
Depois deste primeiro tremor seguem-se muitas vezes outros tremores de menor intensidade, as chamadas réplicas.
«Vou convidá-lo a observar o nosso organismo como observamos a terra.»
O que poderá fazer tremer o nosso organismo?
Qualquer situação vivida como intensa do ponto de vista emocional.
Essa situação poderá ser sentida como agradável ou assustadora.
Quando o nosso organismo vivencia uma situação como assustadora, sente-se em perigo e a emoção do medo assume um dos primeiros planos. Muitas vezes, trememos de medo.
Se um organismo é exposto a uma situação entendida como situação de perigo, é activado um conjunto complexo de reacções psicofisiológicas que pretendem dar resposta à tal situação de perigo.
Basicamente, o nosso corpo tem de encontrar com rapidez uma solução para sair da situação de perigo. Nessa altura é activado um sistema de alarme, de alerta.
No nosso cérebro existe uma pequena estrutura em forma de amêndoa, de seu nome ‘Amígdala’ que está fortemente relacionada com a emoção de medo.
Se nos sentimos em perigo, a Amígdala vai ficar hiperactivada, bem como o nosso hemisfério direito, o qual está mais relacionado com as emoções.
O nosso sistema nervoso autónomo entra em funcionamento e é dado um comando para que o sistema simpático entre em acção.
As pupilas dilatam-se para que entre mais luz e possamos apreender tudo o que está a acontecer no nosso campo de visão, a boca fica seca, os músculos faciais tensos, o coração bate depressa, a respiração fica ofegante, o sistema digestivo deixa de funcionar. Todo o corpo se prepara para uma reacção de emergência.
Ficamos hiperactivados.
O trauma acontece quando o organismo continua hiperactivado, depois do fim da exposição a uma situação vivenciada como de perigo.
É como se as réplicas do sismo permanecessem. Como se o organismo continuasse a tremer.
De algum modo, a reacção do corpo ficou cristalizada.
É como imaginar um botão de alarme que ficou preso e nunca se desliga.
Quando falamos de trauma podemos estar a falar de uma situação isolada, como um acto de violação ou um acidente de carro ou uma situação continuada e aí falamos de trauma complexo, ou seja e por exemplo, como viver toda a infância com uma mãe hostil e agressiva.
Espero ter ajudado a clarificar o que é um trauma.
Naturalmente, se se revê em alguns destes sintomas e sente que não conseguiu ultrapassar uma situação traumática é urgente que procure ajuda de um Psicoterapeuta.
A perpetuação de ciclos disfuncionais
António Norton Porque razão, algumas pessoas perpetuam ciclos disfuncionais, procurando sempre a pessoa [...]
Que tipo de procrastinador é?
António Norton Muito se fala sobre o termo Procrastinação, mas afinal o que [...]