Eu sei … são muitas perguntas para poucas respostas. Mas um estudo conduzido pela Universidade de Harvard (EUA) deu algumas pistas valiosas para essas questões. Este estudo – conhecido como “The Harvard Study of Adult Development” – iniciou-se em 1938 e durante mais de 75 anos as vidas de 724 homens foram acompanhadas pelos pesquisadores, desde sua adolescência até a velhice. Os participantes pertenciam a 2 grupos bastante distintos em termos socioculturais – 268 homens eram estudantes do Segundo ano na faculdade de Harvard e os outros 456 eram jovens moradores de áreas pobres de Boston – mas guardavam a semelhança de terem 19 anos à época do início do estudo. Usando questionários, entrevistas, registros médicos (consultas e exames de sangue e do cérebro), os pesquisadores conseguiram monitorar a saúde física e mental, a vida de trabalho, amizades e romances dos participantes.
Esse foi o maior estudo já conduzido sobre a vida das pessoas e o impacto dos diversos setores em sua saúde e longevidade. E o que ele nos mostrou pode ir contra o senso comum, de que dinheiro e sucesso profissional ou o grau de instrução de uma pessoa tem influência direta sobre sua felicidade e saúde. Ao invés disso, observou-se que ter relacionamentos saudáveis ao longo da vida foi a variável mais importante para ter uma vida satisfatória. As pessoas que foram estudadas relataram que relacionar-se com pessoas foi a parte mais significativa da vida. Ter um parceiro próximo, com quem você tem uma relação saudável, mostrou ser uma proteção contra a depressão e algumas doenças físicas.
Uma infância feliz, com relacionamentos afetivos com os pais, previu relações mais seguras e satisfatórias na idade adulta e também relacionou-se com indivíduos fisicamente mais saudáveis ao longo de toda vida . Ter uma relação próxima com algum um irmão na infância diminuiu o risco de ter depressão até os 50 anos. Ter vivido em um ambiente muito difícil na infância (famílias caóticas, incerteza econômica) trouxe consequências mais sérias na vida adulta, mas se na adolescência ou vida adulta essa pessoa foi capaz de desenvolver relacionamentos próximos afetivos e saudáveis, observou-se que o impacto da infância infeliz foi muito minimizado.
Outro ponto muito relevante do estudo foi que a capacidade de gerir o estresse e ansiedade trouxe benefícios ao longo da vida das pessoas estudadas. Aquelas que lidavam com os problemas, ao invés de “empurrá-los pra debaixo do tapete”, tiveram melhores relacionamentos com as outras pessoas e mais apoio social, e isso previu um envelhecimento saudável após os 60 anos.
Tantas evidências vêm corroborar o que os psicólogos já sabem: o papel fundamental da qualidade das relações afetivas ao longo da vida e a nossa grande capacidade de regeneração a partir de relacionamentos saudáveis. E sempre é tempo para melhorar ou desenvolver a sua capacidade relacional. Não espere nem mais um minuto para ser mais feliz!
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