Perturbações do Comportamento Alimentar e a Adolescência
Um dos pressupostos fundamentais para as perturbações do comportamento alimentar é a relação existente com a comida. A atitude das pessoas perante a comida, ou seja, o grau de conflito presente na relação diária com a alimentação consiste na base geral das PCA.
As oscilações das emoções verificadas que surgem quando há alteração no peso e objectivos fixos predeterminados relacionados com o peso também são indicadores importantes a considerar num possível diagnóstico.
A alimentação, embora seja um acto universal natural de sobrevivência, pode estar associado a diferentes tipos de emoções, por diversas razões. A relação com a comida é variável, de acordo com a sociedade, cultura, com a família, com o individuo etc.
As perturbações do comportamento alimentar podem surgir por diversos factores, dentre eles os socioculturais relacionados com a pressão ou idealização que a sociedade impõe do corpo ideal, o padrão de beleza propagado pelos média ou mesmo no próprio grupo de pares. Características familiares como a dinâmica da família ou os estilos parentais consideram-se contributivos para o surgimento da patologia. A personalidade, factores biológicos e a vinculação são características individuais capazes de funcionar como predisponentes. Este conjunto de factores associados entre si podem contribuir para a instalação ou perpetuação do problema.
A adolescência é um período de alterações significativas a nível hormonal, físico e emocional. Nesta fase, é comum o aparecimento de inseguranças relacionadas com a imagem corporal, uma vez que o corpo sofre mudanças com a puberdade. É frequente os jovens envolverem-se em dietas ou com a prática de exercícios físicos exagerados nesta altura. As dietas são consideradas os comportamentos mais frequentes que iniciam as perturbações alimentares.
A interação da dieta com por exemplo, um estilo parental em que exista uma pressão inapropriada ou um funcionamento familiar que seja baseado no evitamento de conflitos, ou pouca coesão, hipercriticismo, superproteção ou elevada preocupação pode desencadear uma PCA. É frequente os jovens apresentarem comportamentos disfuncionais como ingestão alimentar excessiva, restrição alimentar, vómitos, utilização de laxantes, diuréticos, etc. Eventos de vida significativos como mudança de escola, de residência, decepção, luto, comentários dos pares sobre o corpo, separação actuam como factores que precipitam o quadro.
As PCA têm a particularidade de se desenvolverem em silêncio, pelo que muitas vezes os pais demoram a se aperceber da existência das mesmas nos filhos e quando o fazem os comportamentos alimentares perturbados já se encontram bastante instalados. Bulimia Nervosa, Anorexia Nervosa e Ingestão Alimentar Compulsiva são as perturbações do comportamento alimentar mais graves e que podem causar profundo prejuízo à saúde.
A abordagem terapêutica psicológica incide fundamentalmente na alteração do comportamento alimentar, na modificação dos pensamentos associados ao corpo, imagem e à alimentação. É importante também focar em novas estratégias de resolução de conflitos internos, bem como a aprendizagem para lidar com as emoções e sentimentos.
Elaborado por – Yarah Vaz da Conceição Ginga
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