Regresso à Escola em Pandemia
A adaptação, ou readaptação, à escola, após uma longa fase de confinamento e de férias, será, para muitos pais, um processo carregado de alguma inquietude e preocupação. Estas serão respostas naturais não somente às novas regras que visam a proteção física de cada um, e da comunidade, mas também pelo possível impacto a nível socioemocional nas crianças/jovens deste cenário de pandemia e de um regresso condicionado.
Não tendo uma resposta categórica para si num cenário sem precedentes com relação aos possíveis efeitos das vivências atuais nos mais pequenos, certo é que as experiências de confinamento terão sido bastante diversificadas para cada criança/jovem e família consoante as suas circunstâncias. Deste modo, é expectável que também este regresso seja moldado, em parte, pelas especificidades dessas mesmas experiências.
De facto, as dificuldades de famílias monoparentais em confinamento não terão sido as mesmas de famílias nucleares, tais como as dificuldades de famílias em teletrabalho não terão sido as mesmas de pais funcionários hospitalares, funcionários de armazém, estafetas, bombeiros, entre tantos outros; também as dificuldades de famílias de crianças com necessidades educativas especiais não terão sido, certamente, as mesmas de famílias de crianças neurotípicas; e por aí em diante.
Por tudo isto, o regresso à escola representará, para cada família, uma experiência bastante diferente, e será também encarada de múltiplas formas.
Independentemente disso, há recomendações que se presumem úteis para as famílias de uma forma geral, na preparação das crianças e jovens para este regresso à escola. Aqui ficam algumas sugestões:
- Dialogue com o seu filho sobre o retorno e ausculte como é que este se sente a esse respeito. Ouça ativamente as suas preocupações e ampare, fornecendo possíveis sugestões para gestão dessas mesmas preocupações, ou orientando essa exploração (dependendo da sua idade e adesão). Para tal, será útil que se informe sobre o plano de regresso elaborado pela escola, pois terá assim respostas concretas a eventuais dúvidas mais pragmáticas – questões do género “Como é que a escola se vai organizar em resposta à pandemia?”; “Quais serão os novos horários escolares?”; “Como serão feitas as refeições e em que espaços?”; “Como decorrerão os intervalos?”
- Valide as emoções do seu filho. É bem possível que surjam emoções contraditórias associadas a este regresso, como, por exemplo, entusiasmo e preocupação, uma conjugação confusa para crianças mais novas. Seja empático e comunique que, nestas circunstâncias, é compreensível que nos sintamos, por um lado, felizes por um regresso a uma certa “normalidade”, mas também preocupados com um possível risco de contágio e com as mudanças na organização da escola.
- Regressem a rotinas de sono É perfeitamente natural que os vossos horários se tenham alterado durante o período de confinamento e de férias, mas este será um bom momento para implementarem, novamente, horários mais compatíveis com as exigências do regresso à escola.
- Mantenha-se disponível. As preocupações antecipatórias na expectativa de regresso não serão necessariamente as mesmas uma vez que esse regresso ocorra efetivamente e os dias vão passando. Permaneça vigilante.
- Saliente os aspetos positivos associados ao regresso à escola. Auxilie o seu filho, “recalibrem” os sentimentos de preocupação com a alegria do reencontro com colegas e amigos. Um dos temas que mais tem surgido em terapia com crianças e jovens é, precisamente, as saudades que sentem da escola e dos amigos, pelo que esse é um aspeto que pode ser frisado no caso de crianças que manifestem sentir-se desse modo.
- Modele estratégias de coping. Mostre, através do seu comportamento, como lida com a ansiedade e/ou lidou com situações ansiogénicas no passado. As crianças não têm um repertório alargado de estratégias de gestão emocional, pois este é um aspeto que, ao longo da sua vida, irá sendo desenvolvido. Pode assim desempenhar um papel fundamental nessa aprendizagem.
Lembre-se que, no fim de contas, uma escola é muito mais do que uma sala de aula onde se desfiam conhecimentos e se absorvem aprendizagens. É palco de ensinamentos que não cabem em livros, de aquisição e ensaio de competências sociais, de vivência de frustrações, de alegria, de tristeza, de zanga, de cedências e compromissos, de virar as costas e fazer as pazes, e de brincadeiras múltiplas. Numa escola, cabe tudo isto e muito mais.
O regresso representa, assim, uma oportunidade do reencontro com todas estas possibilidades, ainda que, pelas contingências atuais, esta experiência surja, incontestavelmente, alterada. Coloca-se um desafio à resiliência, à imaginação, à criação de novas formas de estar e de relação que possam subsistir nestas circunstâncias, e que nos mantenham à tona até que a tempestade amaine.
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Excellente artigo. Obrigada
Artigo claro e muito esclarecedor, uma vez que fornece aos pais/mães e educadores um conjunto de dicas para ajudar as crianças/jovens, neste regresso à escola, tão esperado por estes, no contexto atual de pandemia.
Gostei bastante. Linguagem clara e muito objetiva.
Artigo muito pertinente e, como é óbvio, muito atual, que nos ajuda a lidar com esta problemática com que nos deparamos. Muito bom
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