Em Agosto, a FDA (Food and Drug Administration) aprovou a comercialização de um fármaco que promete melhorar o desejo sexual nas mulheres em situação de pré-menopausa. Este fármaco foi desenvolvido para alterar a composição química do cérebro feminino, inicialmente para tratar a depressão, mas sem eficácia comprovada.
É um composto que funciona de forma diferente do Viagra e, como tal, terá de ser tomado diariamente, de forma a equilibrar a dopamina e serotonina (neurotransmissores cerebrais). Estes neurotransmissores têm um papel importante ao nível do desejo sexual e motivação, e pensa-se que ao alterar os níveis, isto pode ajudar as mulheres que sofrem de desejo sexual hipoativo.
O princípio ativo deste fármaco é FLIBANSERIN e é a sua toma diária que preocupa o FDA, razão pela qual só foi aprovado à terceira vez (com 18 votos contra 6). Esta dúvida prende-se com os efeitos secundários da toma diária, ou seja, verificou-se a presença de tonturas, náuseas, sonolência e diminuição da pressão arterial. Além disso, alguns estudos referem que apenas 8 a 13% das mulheres que participaram no estudo sentiram melhorias no desejo sexual. Ainda são desconhecidos os efeitos secundários da toma deste fármaco juntamente com as pílulas e o álcool. Este medicamento será vendido com o nome de Addyi e deverá ser tomado diariamente durante pelo menos oito semanas para que se vejam melhorias ao nível da líbido.
Como se pode calcular, este tema tem gerado muita discussão na comunidade científica um pouco por todo o mundo. Há pessoas a favor e pessoas contra.
Em boa verdade, este fármaco poderia ser uma reviravolta na sexualidade feminina e na forma de tratar as disfunções sexuais, não fosse o caso da maior causa das dificuldades sexuais femininas se prenderem com questões do foro psicológico. Apenas uma pequena parte das dificuldades sexuais das mulheres se devem a questões físicas e, mais concretamente, a desajustes dos neurotransmissores.
Ao contrário da disfunção erétil, em que a maior causa para esta dificuldade são questões físicas (e por isso há 26 fármacos aprovados para o efeito), o desejo sexual feminino é influenciado por vários fatores psicológicos, entre os quais se podem destacar a relação com o companheiro, problemas do dia-a-dia e familiares, o trabalho, o pré e pós-parto, auto-imagem corporal, entre outras.
Autora: Marta Cuntim
Psicóloga Clínica
Referências:
American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders.4th ed. Washington, DC: American Psychiatric Association; 2000.
Gellad, W., Flynn, K. & Allexander, C. Evaluation of Flibanserin – science and advocate at the FDA. Journal of the American Medical Association, July 2015. doi:10.1001/jama.2015.840
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