Imagine quantas vezes você já se pegou debatendo consigo mesmo preso há algo que não aconteceu como gostaria. Pode ser uma viagem que não fez, uma amor que não conquistou ou mesmo algo que não conseguiu comprar. Isso provavelmente deve ter acontecido a cada um de nós. Agora imagine quantas vezes você já se percebeu se criticando ou se julgando , pensando que não vai conseguir enfrentar um problema difícil, ou que você se sente infeliz porque não conquistou alguma coisa que você acha que todas as outras pessoas que você conhece já conquistaram. Ou até mesmo quantas vez já reclamou de você mesmo, pensando que estava sendo fraco porque não conseguia aguentar mais uma dor incômoda.
Todas essas situações são bastante frequentes, e muitas delas, assim como a maior parte do nosso sofrimento, se devem a 2 coisas: apego e aversão. Apego é quando a mente se agarra desesperadamente a algo e se recusa a soltá-lo. Aversão é quando a consciência mantém algo longe e se recusa a permitir a aproximação daquilo. Nos apegamos a coisas do passado, à vezes porque achamos que nunca mais teremos isso de novo, outras vezes porque alimentamos qualquer sentimento negativo, como raiva ou ressentimento, e não conseguimos seguir em frente. Não raro, quando nos deparamos com alguma sensação ou emoção incômoda, tendemos a, aversivamente, afastá-la de nós; assim, uma dor física, por exemplo, pode se acentuar ou se prolongar quando nos desqualificamos por pensar que não estamos conseguindo encarar de forma adequada essa experiência.
Mindfulness propõe que tentemos cultivar aceitação e aproximação da nossa experiência como ela é. Tentando perceber como ela acontece no momento presente, através de uma atitude intencional de tomar consciência dos pensamentos, emoções e sensações subjacentes a essa experiência. Dessa forma, quando conseguimos seguir em frente e nos desprender dos apegos do passado, ou conseguimos lidar com o modo que julgamos nossos incômodos, nossa mente ganha abertura para viver o que há para ser vivido aqui e agora.
Trago como exemplo o caso de um participante de MBSR (programa de redução de estresse baseado em mindfulness) citado por Jon Kabat-Zinn, em seu livro “Full catastrophe living”:
“Outro homem, com pouco mais de setenta anos, entrou na clínica com uma terrível dor nos pés. Ele veio para a primeira aula numa cadeira de rodas (…) Naquele primeiro dia, ele disse à turma que a dor era tão intensa que simplesmente queria cortar os pés fora. Não entendia o que a meditação poderia fazer por ele, mas a situação era tão ruim que ele estava disposto a tentar tudo.Todos sentiram muita pena dele (…) Na segunda aula, o homem veio usando muletas no lugar da cadeira de rodas. Depois disso, ele usou apenas uma bengala. A transição da cadeira de rodas para as muletas e para a bengala disse tudo para todos nós que o vimos de uma semana a outra. Ao fim, ele disse que a dor não tinha mudado muito, mas sim sua atitude para com ela”.
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