Por norma, estar grávida é sinónimo de felicidade, sendo uma fase vivida com grande expetativa e com momentos de alegria intensos. Contudo, a gravidez é também um período de vida da mulher que envolve alterações físicas, hormonais e psicológicas que podem ter consequências ao nível da saúde mental. Desta forma, muito embora seja aparentemente um período de felicidade, a verdade é que não invalida a ocorrência de uma perturbação do humor, nomeadamente de uma depressão.
Atualmente, estima-se que entre 8.5% e 11% das mulheres grávidas experienciem episódios depressivos, sendo que a prescrição de antidepressivos nestas situações atinge também números bastante elevados.
Apesar de haver vários fatores que se podem correlacionar com o surgimento de uma depressão durante a gestação, aquele que parece ter maior influência é a existência prévia de depressão ou ansiedade. Muitas vezes, como se pressupõe ser normal que a mulher grávida esteja “emocionalmente alterada”, os sintomas depressivos acabam por ser ignorados ou desvalorizados, acabando por gerar consequências negativas no desenvolvimento da própria gravidez, do parto ou do bebé.
De facto, há estudos que mostram a relação entre a depressão na gravidez e um risco aumentado de parto pré-termo (Field T et al, 2006; Li D et al, 2009; Grote NK et al, 2010), ou o nascimento de um bebé de baixo peso, por exemplo (Diego MA et al, 2006; Field T et al,2006; Rahman A et al, 2007; Grote NK et al, 2010). Também um estudo recente publicado no site Science Daily refere que a depressão na gravidez pode alterar os padrões desenvolvimentais do cérebro do bebé, tendo assim, eles próprios, um risco acrescido para vir a sofrer de depressão. Além disso, a existência de sintomas depressivos durante a gestação é ainda um fator de risco para a depressão pós-parto, comprometendo o estabelecimento da relação de vinculação entre a mãe e o seu filho.
Por todas estas razões, é da maior importância que a saúde mental da mulher grávida seja alvo de atenção por parte das equipas médicas. Uma avaliação criteriosa poderá detetar a existência de sintomas depressivos que, tratados atempadamente, poderão evitar ou diminuir o risco de consequências negativas tanto para a mãe, como para o bebé. E desta forma, tendo em conta as descobertas recentes entre a depressão materna e a predisposição genética do bebé para o surgimento da depressão, estaremos também a agir numa ótica de saúde pública e de promoção da saúde mental.
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