Será?
De boas intenções está o inferno cheio….. se é que acredita no inferno, mesmo que não saiba onde é que ele está. Mas seja como for, intenções não são mais do que isso: intenções!
As boas intenções surpreendem-me sempre pela sua infantilidade e pela maneira despudorada como servem de desculpa para tanta coisa que se faz e, essencialmente, que se deixa de fazer por toda uma séria de razões, camufladas sob a designada intenção.
- Eu até tinha intenção de acabar de arrumar o roupeiro, mas a Teresa ligou a pedir ajuda…
- Era minha firme intenção ir ao ginásio, mas começou a chover e já sei que o trânsito vai estar caótico e vou chegar tarde. Portanto, mais vale ficar para amanhã!
- Queria mesmo de acabar este maldito relatório hoje, se o meu colega não me tivesse pedido ajuda.
- Que maçada! Tinha intenção de acabar hoje de estudar estes dois capítulos, se os meus pais não tivessem inventado este jantar com os avós
- Queria tanto ir à residência sênior visitar a minha tia neste fim de semana, e agora já não vou a tempo…
E por vezes, com muita mágoa e mesmo muitos remorsos, chegamos à triste conclusão que a boa intenção nos levou para um beco sem saída, uma situação irreversível, onde chegámos tarde demais para poder colmatar a ausência ou a perda.
Intenção sem acção é completamente inútil e só desgasta, deixando uma sensação de satisfação temporária, que nos vai minando, até porque na maioria das vezes não conseguimos deixar de ruminar sobre ela e daí a começar a adiá-la, vai um ápice.
A intenção está intimamente ligada à proscrastinação: logo, mais tarde, já faço ou já vou….
Começa por ser reconfortante, no início, porque nos sentimos bem com a verbalização da mesma, declaramos que pensamos em fazer algo, exprimimos isso perante os outros, mas rapidamente chegamos a um patamar de insatisfação, porque não sabemos como a adiar mais ou porque já está a deixar de fazer sentido. Quantas vezes, porque já passou do prazo e só nos pode fazer mal, como o yogurt que esquecemos no fundo da prateleira do frigorífico, passado do prazo de validade, e que acaba por ir para o lixo.
Adiamos porque não planeamos, por inércia ou por preguiça, por cansaço e por falta de vontade, porque nos deixamos fluir nas vontades dos outros e na nossa própria demissão de viver o dia em pleno e de acordo com a nossa vontade.
Quem quer, planeia, estabelece objetivos, controla processos e obtém resultados. Quem se fica pelas boas intenções, vive a vida de que se demite ou, pior ainda, a vida que os outros lhe impõem.
E agora, ainda se quer ficar pelas boas intenções?!
Poupe-se e organize-se!
Já começou a planear as suas férias? O segundo trimestre do [...]