O que entendemos que é perder tempo com alguma coisa? Entre várias hipóteses, neste artigo irei explorar duas que me parecem relevantes e úteis para que possa compreender o potencial impacto de uma atitude Mindul na sua vida.
Se nos envolvemos numa actividade e sentimos que estamos a perder tempo, poderemos considerar duas hipóteses:
- ou deixamos a actividade e substituímos por outra
- ou reconhecemos o desgaste que nos está a provocar a sensação de que estamos a perder tempo e mudamos a nossa atitude em relação à actividade.
Vamos perceber como podemos adoptar uma atitude Mindful face a estes cenários:
1) Perder tempo como um desalinhamento entre acção e valores
Quando aprendemos a observar com consciência as nossas acções conseguimos ganhar uma compreensão mais alargada distinguindo aquelas que se encontram mais alinhadas com os nossos valores. Quando pensamos que estamos a perder tempo isso significa que aquela actividade não está alinhada com os nossos valores ou que não estamos capazas de aceitar o que é assim e não pode ser mudado. Pode ser por exemplo. uma actividade que nos esgote (e o nosso dia pode estar cheio delas).
Ao meditarmos podemos aumentar a nossa consciência sobre estes processo e começar a notar que estamos tendencialmente a ocupar o nosso dia com actividades que nos esgotam (e nos fazem sentir que perdemos tempo) e se, de alguma maneira, estamos a conseguir equilibrar com actividades que nos nutrem e alimentam (e nos fazem sentir que é tempo bem gasto). Assim ao aumentarmos a nossa consciência sobre nós e o que nos rodeia e ao agirmos com consciência – fazemo-lo sentindo que somos donos das nossas escolhas e que temos controlo sobre as mesmas!
Será que consegue balancear as escolhas entre comportamentos que esgotam e que alimentam? Será que consegue começa a adoptar mais comportamentos alinhados com o que verdadeiramente acredita e quer defender para a sua vida.
Espero que sim. Mas nem sempre é possível. Então olhemos para a segunda hipótese.
Aprofundando mais o que pode uma atitude Mindful fazer por sim.
2) Perder tempo como uma percepção
Muitas vezes, estamos em situações das quais não conseguimos sair. E, a nossa relação com o a diferença entre o que está a acontecer e o que nós gostaríamos que estivesse a acontecer é que promove grande parte do nosso desconforto.
Para podermos ganhar tempo é importante dirigimos a nossa atenção para a realidade do que estamos a experienciar naquele momento. Ou seja, ganhamos tempo no momento em que, de facto, deixamos ir os nossos julgamentos e expectativas de como as situações deveriam ser e começamos a reconhecer como é estar nelas.
Um exemplo: está preso no trânsito.
Experiência de perder tempo: durante a meia-hora que está no trânsito, pensa repetidamente em como não queria estar ali, enerva-se com aqueles que vão à sua frente e não andam à velocidade que deveriam, fica tenso ao pensar no que significa chegar atrasado ao compromisso que tem… de alguma maneira está num piloto automático que diz “Eu não quero isto”. Mas, na realidade, é isso que tem. Ou seja, a única situação no trânsito sobre a qual tem controlo é onde quer colocar a sua atenção.
Experiência de ganhar tempo: durante a meia-hora que está no trânsito, aceita que está ali, dirige a sua atenção para a experiência da respiração, observa as cores de tudo o que está à sua volta, nota se tiver algum julgamento mas deixa o pensamento ir embora, regressa com a sua atenção à experiência do peso do seu corpo sentado no carro e à medida que observa o ritmo respiratório observa o mundo à sua volta. Há tanto tempo que diz que não tem tempo para si. Acabei de lhe propor meia-hora no carro só para si. Aceita?
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