Não é a mania do Tricô…
A presença de comportamentos repetitivos e crónicos de puxar, esfregar, arrancar, ou roer, os pelos do corpo (cabelos, sobrancelhas, pestanas…), a pele ou as unhas e que que resultem em lesões para o corpo são considerados distúrbios associadas à Perturbação Obsessivo-compulsiva. Apresentam de uma forma geral as mesmas características e os mais comuns são a Tricotilomania e o distúrbio de Escoriações (Skin-peacking). São perturbações relativamente comuns apesar das suas bases neurobiológicas não serem ainda conhecidas. Podem ser perturbações transitórias, episódicas ou contínuas e sua intensidade pode variar. A pessoa pode passar semanas ou meses sem apresentar este comportamento e, de repente, recomeçar. Dependendo da frequência do comportamento pode ter implicações físicas e/ou estéticas uma vez que as feridas podem não sarar (no skin-peacking) ou apresentar visíveis falhas de cabelo (na Tricotilomania).
Apesar destes comportamentos provocarem elevados níveis de “distress” fazem também com a que a pessoa sinta alguma tranquilidade e redução da ansiedade e alívio da tensão provocada pelo forte impulso de arrancar cabelos, coçar a pele ou roer as unhas. Em situações de maior stress é expectável que estes comportamentos se manifestem com maior frequência.
Alguns estudos realizados pelo Instituto Universitário em Saúde Mental de Montreal permitiram concluir que as pessoas que ficam rapidamente aborrecidos, frustrados ou impacientes estão mais sujeitos ao desenvolvimento deste tipo de comportamentos repetitivos. São perfeccionistas e com mais dificuldade em relaxar e desenvolver as tarefas a um ritmo regular. Impacientes, registam maiores níveis de frustração e insatisfação quando não atingem os objetivos que se propuseram.
Para o tratamento destas perturbações a psicoterapia com uma abordagem cognitivo-comportamental e integrativa é a melhor solução para redução dos sintomas. Podem beneficiar com estratégias para aprender a lidar com a frustração e a impaciência e modificar crenças centrais relacionadas com o perfeccionismo.
Sem tratamento adequado, as pessoas que apresentam estes distúrbios podem vir a desenvolver sentimentos de vergonha, isolamento e evitamento de situações sociais com impacto na sua vida de uma forma geral.
O Miguel contactou-nos “Boa noite. A minha namorada sente prazer em arrancar feridas do corpo. Cara, braços e pernas. Fica com as marcas e as feridas demoram meses a sarar Gostava de saber o que se pode fazer. Obrigado”.
O Miguel pediu ajuda qualificada e foi possível marcar uma consulta para a Teresa que se encontra já em processo terapêutico.
Se conhece alguém com este tipo de perturbações insista para que peça ajuda.
Eu estou por aqui se quiser marcar uma consulta.
Cristina Sousa Ferreira
Referências:
https://neuro.psychiatryonline.org/doi/abs/10.1176/appi.neuropsych.18030038
https://www.sciencedaily.com/releases/2015/03/150310074101.htm
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