Já muitos conhecem a história do homem que perdeu as chaves e que as está a procurar no meio da rua, debaixo de um candeeiro. Quando interpelado sobre o que procura diz que perdeu as suas chaves. Quando lhe perguntam em que sítio especificamente acha que as perdeu, ele responde que foi longe dali. Perante a incredulidade de quem o questiona “Mas porque está a procurar aqui?” – o homem responde “Porque aqui tenho mais luz“.
Será que andamos a procurar as chaves no sítio certo, ou no mais fácil?
Eu sei. Eu sei que nem sempre apetece. Apetece o quê? Viver o Natal, como dizem que é suposto.
- Dever, suposto, obrigação? Se calhar, estamos muito tempo no verbo dever, e pouco tempo no verbo precisar. A tendência dos dias de hoje, passa por assumir frases fortes “Procure o seu melhor eu”, “Viva para si” “Dê a si próprio o que mais precisa”. No fundo, derivações de uma obrigação, a todo o custo, da busca da felicidade (sem a contextualizar). Não me parece justo, nem exequível. Durante os próximos dias procure reconhecer o que já existe em si e à sua volta, perguntando: Quais as coisas pelas quais estou grato todos os dias?
- A minha segunda proposta, é de que possamos aproveitar esta quadra como momento de reflexão para dar uma oportunidade diferente aos verbos querer e precisar. No estudo “Harvard Study of Adult Development” confirmou-se que ter relacionamentos saudáveis ao longo da vida é a variável mais importante para ter uma vida satisfatória.
- O que está a dar por obrigação e o que está a dar de coração inteiro? Repara na diferença que provocam em si? Que emoções surgem? A razão porque lhe proponho este desafio é pela investigação nesta área ser clara, vamos ser práticos em relação à nossa felicidade.
Assim, iluminando o local onde perdemos as chaves descobrimos mais sobre o verbo querer virado para fora. Como já percebeu, este texto tem tanto sobre dar aos outros como dar a si próprio.
Para esta quadra proponho que conduza o verbo precisar ao lugar que mais precisa dele.
É um lugar que mora dentro de si? É um lugar que mora dentro do outro? Só descobrindo o contexto a cada momento consegue satisfazer-se melhor.
A conquista de uma relação mais satisfatória com a vida e com os outros, parece-me depender de um encontro entre a necessidade mais enfraquecida e da activação dos mecanismos para a sua satisfação, agindo alinhados com os nossos valores.
Em que momento optamos pela satisfação da nossa necessidade ou da necessidade do outro?
Nesta decisão reside a diferença entre encontrarmos as nossas chaves ou continuar ciclicamente à procura delas no passeio.
Se está farto de procurar chaves no passeio, marque consulta comigo.
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