Emoções como o medo e ansiedade, a experiência de incerteza e a vivência de isolamento têm dominado os últimos anos. A saúde mental de muitos de nós foi afetada pela pandemia e percebemos que, cada vez mais pessoas procuram saber sobre este tema. Embora a conscientização acerca da importância da saúde mental esteja aumentando, o estigma a propósito da perturbação psicológica ainda existe. Além de disseminar o preconceito, este estigma impede muitas pessoas de procurarem ajuda quando precisam.
É o seu caso?
Achei interessante colocar este tema para reflexão pois percebo na prática clínica o quanto esta busca tardia de ajuda muitas vezes é afectada pelo estigma que envolve procurar um psicólogo. Muitas pessoas que atendo no consultório teriam obtido um resultado mais efectivo, em menor tempo, se tivessem procurado ajuda mais cedo!
“Quem precisa de psicólogo porque está maluco!” – infelizmente este ainda é um pensamento que persiste mesmo em pessoas com um elevado nível cultural.
A boa notícia é que tenho presenciado no consultório e na comunicação social que o estigma está a diminuir!
O que é estigma?
“Estigma” é uma palavra de origem latina (“stigma”) que está relacionada às marcas e cicatrizes que eram criadas através de feridas profundas. Na Grécia antiga, escravos e criminosos costumavam ser marcados com ferro em brasa para que fossem identificados e separados na sociedade. Desse contexto, surgiu o conceito de “estigma” que está ligado a essa ideia de segregação.
Quando falamos em saúde mental, os estigmas surgem principalmente pela divulgação de representações distorcidas das pessoas com transtornos mentais. Elas são frequentemente associadas a características negativas, como a violência, por exemplo. Muitas vezes os jornais e programas de TV sobrevalorizam os crimes cometidos por pessoas com alguma condição psiquiátrica.
Desta forma surge o estereótipo de que pessoas com doenças mentais apresentam maior tendência a serem violentas e podem representar uma ameaça à sociedade. Os estereótipos, por sua vez, acabam alimentando o preconceito que, estruturalmente se transforma em discriminação.
O estigma, portanto, é um tipo de marca social que acaba desvalorizando o indivíduo. A pessoa estigmatizada acaba sendo penalizada por sua condição, já que ela pode ser considerada perigosa, violenta ou simplesmente inferior aos outros.
Como o estigma nos afeta?
Segundo um estudo da Associação Britânica de Saúde Mental, 9 em cada 10 pessoas com transtornos de saúde mental sentem que o estigma impacta negativamente as suas vidas.
Muitas vezes o estigma não é óbvio. Os impactos psicológicos da estigmatização também não são pequenos. Pessoas que sofrem com transtornos mentais podem desenvolver baixa autoestima, internalização de crenças negativas sobre si mesmo, isolamento, desesperança, vergonha e dificuldades para encontrar um emprego.
A vergonha, principalmente, faz com que muitas pessoas adiem o momento de pedir ajuda. Porém, a demora entre o início dos sintomas e a busca de um profissional pode ser o diferencial para a eficácia ou não do tratamento. O silêncio, além de agravar a situação de quem sofre com questões de saúde mental, também reforça as estruturas sociais que alimentam o preconceito e a discriminação.
Está a sentir-se ansioso, com o humor mais deprimido, esgotado emocionalmente ou precisa melhorar as sua habilidades sociais?
Informe-se com quem enfrentou e superou problemas semelhantes! Não hesite em procurar uma ajuda junto de um profissional de saúde devidamente credenciado.
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