Tudo o que precisa de saber para ser um expert:
Um guia sobre Prática Deliberada
Falamos de Mestria perante alguém que é exímio e extremamente competente numa actividade e tem uma performance extraordinária. Alguma vez deu por si a imaginar o que seria necessário para atingir um nível de expertise numa actividade de eleição? Podemos falar de talento, claro, mas na investigações, distingue-se uma técnica: Prática Deliberada.
Em 1991, o psicólogo e pesquisador K. Anders Ericsson foi à famosa Academia de Música de Berlim e separou os violinistas em três categorias: excelentes, bons e medianos. A equipa de Ericsson descobriu que os violinistas de topo tinham um tipo específico de prática, que outros autores, posteriormente, têm concluido que pode ser produtiva, não apenas na música, mas no xadrez, ciência, desporto, sendo útil em praticamente qualquer habilidade tangível e passível de ser medida.
“A prática leva à perfeição”…
Pode não ser bem assim. Fazer algo em que temos prática, a ponto de entrar em piloto automático, não significa, necessariamente, que vamos alcançar a excelência. Por exemplo, se decidir aprender a tocar guitarra, inicialmente irá aprender as notas, como colocar e movimentar os dedos, poderá começar a identificar as notas “a ouvido”, vai tocando os primeiros acordes, com maior velocidade e começa a tocar as primeiras músicas completas. Até que, a certa altura, os movimentos tornam-se automáticos e tocar guitarra, torna-se algo intuitivo e o seu desempenho pode estabilizar e não melhorar, mesmo que treine.
Então, o que é prática deliberada e como pode usá-la?
Na prática deliberada são criadas tarefas que servem o propósito de refinar gradualmente o seu desempenho através de repetições de pequenas tarefas, feedback e monitorização contínuas. Enquanto a prática regular pode incluir repetições, apenas como treino, nesta situação, a prática requer atenção e concentração e tem objetivos específicos e bem definidos.
Conhecimento e Definição de Objectivos
A tarefa deve levar em conta o seu conhecimento prévio. Não tente treinar algo complexo de uma só vez. Crie sequências mais curtas, pequenos movimentos e pratique-os isoladamente. Deverão ser etapas pequenas, claras e mensuráveis. Por exemplo, em vez que querer saber tocar uma música, vou dividir a música em três trechos e treiná-los durante 3 meses. Além disso, ter pequenos objetivos ajuda a aumentar a autoeficácia, ou seja, quanto mais pratica com excelência pequenas tarefas, mais confiante se torna.
Prática Intensa e Repetição
O sucesso da prática deliberada vem da intensidade em vez da duração. Escolha uma altura do dia, em que os seu seus níveis de energia sejam elevados e pratique, por exemplo, durante meia hora, repetindo a tarefa que quer melhorar. Usando como exemplo o treino de guitarra, poderia repetir várias vezes as seções mais desafiadoras de uma música, aumentando as hipóteses que se tenha o total domínio sobre elas. A repetição oferece uma oportunidade de desafio e de sair da sua zona de conforto. Assim que algo se torne automático, intensifique a dificuldade ou tente encontrar uma forma mais criativa de executar a tarefa. Por exemplo, tocar os trechos de música, de forma mais rápida.
Foco e Feedback
O ingrediente chave na prática deliberada é a capacidade de praticar com intencionalidade e clareza. Não é uma prática repetida mecânica, é uma prática que exige tempo, esforço e foco. E ao ter feedback imediato sobre a sua técnica, aprende a deliberadamente praticar a técnica correta. É um tipo de prática que precisa de feedback e avaliação frequente de um professor, coach ou mestre para compreender os resultados do desempenho, não reforçar um mau hábito e definir novas metas. Por exemplo, praticar um trecho de uma música e ter um professor a ajustar a colocação dos dedos continuamente. A longo prazo, poderá, aprender a automonitorizar-se, estar consciente do seu próprio desempenho, corrigir e adaptar, conforme apropriado.
Motivação e Auto-cuidado
Ao propor-se ser um expert, lembre-se das razões porque isto é importante para si. A prática deliberada pode ser muito desafiante e cansativa. Lembre-se da importância de se motivar, de ter orgulho nas suas capacidades e ter como referência outros obstáculos ultrapassados. Limite estas sessões intensas a pequenos períodos de tempo, descanse, relaxe e recarregue baterias, de forma a melhorar sua produtividade e criatividade.
“Eu perguntei [ao meu professor] quantas horas eu deveria praticar, e ele disse: “Não importa o tempo. Se tu praticas só com os dedos, vais precisar de um dia todo. Se praticas com a tua mente, farás o mesmo em 2 horas.”
Violinist Nathan Milstein
Qual foi o interesse que este artigo teve para si?
Já trabalho minha prática do violino dessa forma, mas ler o texto me incentivou e mostrou que estou no caminho certo
Gostei muito do conteúdo.
Foi muito bem explicado, com certeza irá me ajudar muito.
Parabéns.
Muito bom, grata por trazer conhecimento simples e claro.
Gostei demais deste tema, vou colocar em prática não apenas em música mas nas outras áreas da vida
Será raiva ou ansiedade?
Quando pensamos em raiva e ansiedade, não pensamos que possam estar [...]