Aproximadamente 10% da população mundial tem um transtorno de personalidade. Apesar da sua alta incidência, muitos indivíduos desconhecem tê-lo, pois são muitas vezes confundidos com simples traços da personalidade.
Traços de personalidade representam padrões de pensamento, perceção, reação e relacionamento que permanecem relativamente estáveis ao longo do tempo. Estes padrões são diagnosticados como transtorno de personalidade quando se tornam tão pronunciados, rígidos e mal adaptativos que interferem no trabalho, nas relações interpessoais ou causam desconforto acentuado. Atualmente, existem 10 tipos de transtornos de personalidade. Entre eles o transtorno de personalidade esquiva e o transtorno de personalidade dependente. Indivíduos com estes transtornos podem aparentar estar ansiosos e apreensivos, porém há diferenças significativas entre ambos.
Transtorno de Personalidade Esquiva
O Transtorno de Personalidade Esquiva (TPE)caracteriza-se por um padrão invasivo de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade à avaliação negativa, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos.
Indivíduos com TPEtendem a evitar contacto interpessoal por medo à rejeição, podendo só formar relações se acreditarem não haver possibilidade de serem rejeitados. É comum evitarmos situações para aliviar ansiedade frente a escolhas ou situações difíceis. Porém, para a pessoa com TPEesta evitação é constante, mesmo quando a impede de atingir os seus objetivos. Por exemplo, o indivíduo pode cancelar uma entrevista de trabalho por medo de ficar envergonhado por não estar adequadamente trajado; ou recusar o início de um novo relacionamento amoroso por medo de ser abandonado futuramente.
Muitas vezes pessoas com TPEapresentam altos níveis de timidez, desconforto social e medo de avaliações negativas. Elas esperam que independentemente do que digam, outros possam considerar as suas opiniões erradas, de modo que muitas vezes preferem não falar em absoluto. Quando tentam participar, podem reagir intensamente a indícios subtis de zombaria ou discordância. Por exemplo, quando um indivíduo expressa a sua opinião num debate e uma opinião contrária é apresentada, é comum que o indivíduo com TPE não defenda o seu ponto de vista ou finja concordar com a opinião contrária.
Transtorno de Personalidade Dependente
O Transtorno de Personalidade Dependente (TPD) caracteriza-se por uma necessidade geral e excessiva de ser cuidado que leva a comportamentos de submissão e a temores de separação.
Indivíduos com este transtorno tendem a requisitar constante reafirmação e aconselhamento ao tomar decisões do dia-a-dia. É comum que estas pessoas deixem que uma única pessoa assuma responsabilidade por vários aspetos da sua vida. Por exemplos, eles podem depender do seu parceiro para dizer o que vestir, que trabalho procurar ou com quem se associar.
Durante um relacionamento amoroso, pessoas comTPDtemem (de forma irrealista e excessiva) o abandono por parte do seu companheiro, mesmo quando não existem motivos para tal. Deste modo, pessoas com TPDpermanecem, muitas vezes, em relacionamentos abusivos por medo de serem incapazes de funcionar sem o parceiro. Estar sozinho leva a sentimentos de ansiedade e medo pois temem não ser capaz de tomar conta de si. Quando um relacionamento íntimo termina, o indivíduo tende a procurar imediatamente um novo relacionamento, não discriminando o próximo parceiro.
O Impacto na Vida da Pessoa com Transtorno de Personalidade
Pessoas com transtorno de personalidade têm dificuldades em reconhecer os seus sintomas. É frequente, que estes comecem terapia por insistência de familiares e amigos. Quando o indivíduo busca tratamento por iniciativa própria é geralmente pelo sofrimento causado pelas consequências dos seus comportamentos mal adaptativos, em vez de qualquer desconforto com os seus próprios sentimentos e pensamentos. Deste modo, é importante reconhecer algumas das possíveis consequências dos seus comportamentos.
Como incentivar alguém a pedir ajuda?
- Seja específico e sugira que a pessoa peça ajuda para as consequências observadas e não para o transtorno em si: Diga‘’eu notei que tens tido dificuldades em entregar os relatórios sem pedir a alguém que dê a sua opinião e que não os tens entregado a horas ‘’ em vez de ´´eu notei em ti alguns sintomas de um transtorno de personalidade´´.
- Ajude a reduzir o estigma: muitas vezes as pessoas reconhecem as suas dificuldades, porém temem iniciar a terapia. Explique que não o tratará de forma diferente e mostrará apoio durante a terapia, pode sugerir sentar-se na sala de espera ou fazer-se presente durante as sessões.
- Use a relação como alavanca:seja seu irmão, amiga ou parceiro, explique a importância da relação para si, e que seria importante procurarem ajuda. Porém, evite dar ultimatos, pois isto pode levar a mais resistência.
Tratamento
O tratamento geral dos transtornos de personalidade é semelhante. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode ser usada para ajudar o paciente a quebrar o ciclo de pensamentos disfuncionais e comportamentos mal-adaptados. Tendo como objetivo aumentar tolerância a emoções negativas e proporcionar uma maior autonomia, levando assim a um maior desempenho a nível pessoal e profissional.
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Muito interessante e exclarecedo pois soube que minha filha tem esse transtorno.