Tratamos muito mal o tempo; melhor dizendo, não temos noção de como lidar com o tempo de que dispomos e que é a única coisa que todos os homens têm em comum, em boa verdade:
24 horas/dia para viver!
A democraticidade do tempo!
E cada um de nós tem um conceito e uma visão diferente sobre a vida, de acordo com a sua individualidade e o que tem que fazer para viver ou sobreviver; muitas vezes sem dar a devida importância ao tempo que tem e como o pode utilizar da uma maneira plena e gratificante.
Entediamo-nos, desperdiçamos, desvalorizamos e depois queixamo-nos quase diariamente de que não temos tempo para tudo o que gostaríamos de fazer. Não temos uma memória correcta do tempo. Recordamos o que nos tocou emocionalmente, positiva ou negativamente, de uma forma muito pungente, e tudo o resto se esvai nos dias corridos e frequentemente mesmo sem muito sentido… Também não poderia ser de outra maneira, até porque temos uma memória selectiva e seria impossível recordar tudo, para além de ser potencialmente muito stressante e cansativo.
A nossa memória está intimamente ligada às nossas emoções e, se pensarmos um bocadinho, facilmente concluímos que recordarmos mais o que nos afectou negativamente, tornando-se uma memória sofrida, do que tudo o que foi bom, mas já passou…. Umas férias de duas semanas no Hawai não passam de umas dezenas de fotos e uma recordação difusa e boa, mas só isso; aquele fim de semana grande em Nova Iorque; uma imersão em cultura e lazer, em que só nos recordamos bem do calor que fazia e como só nos apetecia ficar no ar condicionado… o cruzeiro no Nilo, fantástico, mas em que nos lembramos bem é das picadas dos mosquitos ao fim da tarde…
Concorda? :)
A memória do tempo
Então também irá concordar que se recorda muito bem do primeiro castigo a que foi submetido na escola primária, ou a proibição de ir ao cinema no fim de semana por ter má nota a matemática; ou ainda de como detestou a maneira como a sua tia se portou no funeral do seu avô…. ou de como o seu superior promoveu o seu colega, quando considerava a sua promoção inquestionável. E aqui verificamos que a memória não tem a ver com a duração, mas sim com o impacto: o sofrimento!
O sofrimento marca, transforma, e a sua memória muitas vezes parece avivar-se, ou tornar-se ainda mais amarga, com o passar do tempo, em vez de nos fazer esquecer ou torná-lo mais difuso e menos sofrido. Já tinha pensado nisso?
Actualmente é comum, para uma minoria dentro das organizações, de gestores de todo e chefias intermédias, uma minoria afluente, questionar-se sobre a qualidade da vida e preferir como fringe benefits tempo livre, em detrimento de prémios monetários ou materiais, a fim de poderem dedicar-se a determinados desportos ou hobbies, aumentando o número de dias de férias, ou reduzindo carga horária no último dia da semana, por exemplo, marcando uma tendência, eventualmente, do que será o fim de semana no futuro.
Mas mais tempo nem sempre significa uma melhor qualidade de vida. Aliás, é comum constatarmos que quem tem mais afazeres se organiza melhor, para fazer tudo o que precisa e o que quer fazer, e que quem tem menos afazeres se enrola no decorrer de dias a fio, sem foco e sem aproveitar o muito mais que poderia fazer. Aliás, próprio dos adolescentes, entre outros grupos. E sabe porquê?
Ter tempo é viciante: ter tempo para fazer toda uma série de actividades que quer fazer e lhe dão prazer, é um luxo, e daí os organizados levarem o seu planeamento ao extremo para dele poderem usufuir. A isto chama-se criar tempo!
E sabe qual o segredo? É que não estamos a querer reviver uma memória do passado, estamos a falar de projecção de prazer e fruição num futuro próximo! :)
Já tinha pensado nisto?
E o que é que vai fazer?
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