E o que é que o impede?
A Cristina (nome fictício) tem vindo a interrogar-se sobre a vida que leva. Julgou que casar, ter filhos e um trabalho estável era o passaporte para o seu bem-estar eterno. Aos 45 anos, deu conta que não viveu a partir das suas próprias necessidades e desejos. Coloca todos em prioridade e quando se faz ouvir sente uma culpa do tamanho do Monte Everest.
O seu pedido é “ajude-me a mudar o que sinto, não sei o porquê de ser como sou mas sei que quero aproximar-me da vida que é para mim”.
O que estará a impedir a Cristina de alcançar o seu bem-estar emocional de forma a sentir-se harmoniosa e feliz?
Decorridas algumas sessões de psicoterapia, o “porquê” deu lugar ao “para quê”, uma vez que descobriu que desempenhava uma função/papel de “salvadora” nas suas relações.
O seu repertório afetivo continha um episódio de rejeição exterior (por outra pessoa) que a marcou profundamente e para evitar sentir novamente aquela dor começou a trair-se a si mesma, procurando agradar aos demais, ajudar sem lhe ser pedido, numa ânsia de aceitação.
Sem se aperceber, o sentimento de auto-rejeição e insegurança foi crescendo, impedindo-a de apreciar os bons momentos em casa, no trabalho e com os amigos.
E ainda pior, a sua interpretação da realidade estava reduzida a um micro-filme designado por “eu realmente sou invísivel e faço tudo pelos outros”.
Na verdade, quando se assume o papel de Salvar (super proteger), mais tarde ou mais cedo acorda-se o da vítima (porque não sente as suas expetativas atendidas, deu demais e parece que nada recebeu).
Esta oscilação entre papéis, proveniente de necessidades emocionais não satisfeitas, são o suficiente para experenciar relacionamentos afetivos desarmoniosos.
Para se aproximar da vida que merece viver, a Cristina deve abandonar o seu papel disfuncional, aprendendo a diferença entre cuidar e salvar, acreditando na autonomia das pessoas com quem se relaciona e que pode ser gostada simplesmente pelo que é .
Assim, as palavras de ordem são: Invista em si mesmo! Fala bem de si, sempre! Confie em si.
E quando o sentimento de rejeição voltar pergunte-se “o que ganho em sentir-me assim?” e caminhe para a porta da “não autocrítica”. Lembre-se que não há nada nem ninguém que consiga desligar este seu botão e não se impeça de viver a vida que merece, ela está à sua espera.
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