O período de férias estival, tão aguardado durante o ano, pode ser também vivido com stress em família. Se é pai ou mãe de filhos adolescentes, pode deparar-se com o dilema de permitir ou não saídas com mais frequência, ou mesmo permitir que o seu filho passe férias longe de si. Reconhece-se nesta situação?
Naturalmente, faz sentido que se possa sentir algo preocupado, ou até frustrado pelo facto de o seu filho querer ter planos diferentes para as suas férias. Essas preocupações e frustrações, se não forem abordadas em família de forma construtiva, podem trazer desconforto e macular a descontração que certamente deseja ter durante esta altura do ano.
O que pode, então, fazer para lidar com a situação de forma a minimizar o stress a ela associado?
Proponho, em primeiro lugar, entender o que leva os adolescentes a ter a atitude de querer fazer férias de forma mais autónoma. Se olhar para as suas memórias, com certeza encontra momentos na sua juventude em que o desejo de poder escolher aproveitar o verão com amigos se impôs. É algo por que todos passamos, fazendo parte da fase de desenvolvimento que constitui a adolescência.
Esta fase é pautada por várias alterações ao nível social, que podem ser observáveis na forma de estar e de se relacionar com os outros. O adolescente volta a sua atenção para a pertença a um grupo de pares, desenvolvendo comportamentos que o aproximem da satisfação desse sentido de pertença. Tal implica, naturalmente, uma maior necessidade de aproveitar as férias para estar com amigos e/ou conhecer pessoas novas.
O sistema que regula a sensação de recompensa no cérebro está em alto funcionamento na adolescência, e intimamente ligado ao reconhecimento social. Por isso, para um adolescente, pode ser mais apelativo poder discutir assuntos do seu interesse junto dos amigos do que ceder às propostas de férias dos pais. Os comportamentos que os adolescentes tendem a adotar são aqueles em que podem obter recompensa de forma instantânea.
O interesse crescente pelos outros, a par das exigências e das grandes expetativas sociais pode ser também fonte de pressão e ansiedade para os adolescentes, e mais um motivo para sentirem uma necessidade de manterem o contacto com os amigos.
Neste processo, sendo pai ou mãe de um adolescente, pode ver o stress aumentado devido ao medo de que tamanha envolvência social leve o seu filho a tomar opções que o prejudiquem, e se as férias com os amigos forem longe, menos sentido de controlo pode ter sobre ele… Olhos que não vêem, mas coração que sente! Ainda assim, tente relaxar e focar-se no seu próprio descanso. Acima de tudo, caso as férias do seu filho corram menos bem, ele estará a treinar a tomada de decisões e a autonomia, tão importantes para a sua vida adulta.
A crescente autonomia será mais segura se o seu filho puder ter treinado a mesma ao longo do seu crescimento, através, por exemplo, da responsabilização por determinadas tarefas.
Ter desenvolvido certas competências promove também uma maior probabilidade de ter férias longe da família com maior segurança. Essas competências incluem a capacidade de seguir instruções e de planear, antecipando consequências, assim como tolerar a frustração e ser assertivo junto dos seus pares.
Permitir umas férias ao seu filho junto dos amigos é ajudá-lo a crescer. Possibilitará uma aprendizagem acerca da resolução de problemas nas vivências de grupo, e incrementar a sua autoconfiança e autoestima.
Boas férias!
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