Considera-se distraído, desorganizado, inquieto e facilmente se vê a procrastinar? Estas características parecem comuns a todos nos dias de hoje. No entanto, quando interferem em diversas áreas da vida, como nos relacionamentos ou no trabalho, podem sinalizar a Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA).
Nos adultos, os sintomas de PHDA são mais difíceis de definir do que aqueles que encontramos em crianças e adolescentes. Assim, o que se assume para já é que um adulto com este diagnóstico também o teve na sua infância e adolescência. Por outras palavras, esta perturbação manifesta-se sempre precocemente e, caso não seja devidamente tratada, pode progredir agravando-se até à idade adulta.
Neste sentido, partilho consigo alguns dos mitos associados a esta perturbação.
Mito 1: A PHDA não é real
Parte deste mal-entendido acontece porque não há um teste específico que identifique definitivamente este problema. Contudo, existem critérios claros e específicos que são a chave para que o diagnóstico seja feito.
Mito 2: Só as crianças podem ter PHDA
Embora tenha de existir sintomatologia durante a infância, de forma a reunir critérios para o diagnóstico, muitas pessoas permanecem sem diagnóstico até à idade adulta. Muitas vezes, os comportamentos hiperactivos diminuem com a idade, mas os sintomas de inquietação, distracção e desatenção persistem. A PHDA no adulto, quando não tratado, pode criar dificuldades crónicas com o trabalho e nos relacionamentos, o que pode resultar em problemas secundários, como ansiedade, depressão e abuso de substâncias.
Mito 3: Tem de ser hiperactivo para ter PHDA
É natural existir alguma confusão com este mito, já que o próprio nome da condição em si é Perturbação da Hiperactividade e do Défice de Atenção. Na verdade, existem três tipos diferentes de PHDA: o predominantemente hiperativo-impulsivo, predominantemente desatento e o misto.
O predominantemente desatento não inclui sintomas de hiperactividade. Uma pessoa com sintomas de desatenção pode ser vista como alguém facilmente distraída, desorganizada, esquecida ou descuidada. O tipo predominantemente desatento é muito menos perturbador para os que rodeiam a pessoa. Por isso, muitas vezes é esquecido, mas não é menos stressante para a própria pessoa. Também é importante ressaltar que adultos com PHDA podem perder alguns dos comportamentos hiperactivos presentes na infância e a hiperactividade é substituída por uma sensação de inquietação.
Mito 4: Se consegue concentrar-se em algumas atividades, não tem PHDA
Pode ser bastante confuso ver alguém com PHDA concentrar-se intensamente numa actividade quando a PHDA parece ser um “défice de atenção”. Na verdade, estas pessoas conseguem concentrar-se em actividades que lhes interessa e que as envolvam. Esta tendência de serem absorvidas em tarefas que são estimulantes e recompensadoras é chamada de hiperfoco.
Mito 5: A medicação pode curar a PHDA
A medicação não cura, mas pode ajudar a controlar os sintomas. No entanto, e apesar de as recomendações internacionais referirem a medicação como primeira linha de tratamento, devido aos efeitos secundários ou à resposta insatisfatória dos medicamentos, a intervenção psicológica assume um papel muito relevante, ao contrário da medicação.
Deslize para baixo a apresentação que questiona outros mitos associados à PHDA feita pela minha colega Sónia Anjos
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