A tentação de controlar, numa tentativa mais ou menos desesperada de colmatar a incerteza, é tão ineficaz como a preocupação.
Preocupamo-nos quando tentamos adivinhar o futuro, receando um desconhecido potencialmente ameaçador, e sempre que nos focamos em resultados de acções próprias e de terceiros, que no fundo tememos pelos seus resultados impactantes e com os quais não sabemos ou não queremos lidar.
Ao tentarmos controlar resultados, estamos convencidos de que estamos a minimizar o risco….
Qual risco?
O medo é natural. Protegermo-nos do que é potencialmente prejudicial ou ameaçador, também. Aliás, o medo faz com que desenvolvamos estratégias de sobrevivência. Todavia, preocuparmo-nos em vez de nos focarmos em algo positivo e que esteja nas nossas mãos fazer, é uma perda total de tempo, com a agravante de minar a paz de espírito e a saúde.
A preocupação dissocia-nos da realidade e raramente está isenta de uma conotação com um acontecimento do passado, que nos faz temer o futuro. Se já aconteceu, pode voltar a acontecer… ou talvez não…
Do passado que restem boas memórias, bonitas fotos e um historial de aprendizagem e experiência acumuladas, verdadeiramente enriquecedores para a vida, sem deixar que ele o controle indefinidamente. Se cometeu erros, perdoe-se! Errar é o percursor do sucesso e perdoe-se por isso. Se há algo de bom no passado, e que não se repete do mesmo modo, e quando mais rapidamente seguir em frente, mais rapidamente vai gerir e ser o impulsionador da mudança que precisa.
A criação só se faz na mudança. As zonas de conforto são zonas de fruição onde nada acontece e onde estagnamos se delas não sairmos rapidamente. Aceite que errou, que o passado não se repete, e que após uma estadia na sua zona de conforto necessita saltar e seguir em frente.
Só na mudança existem novas oportunidades e se deixar de ruminar sobre acontecimentos passados, o seu foco só pode ser o que está a viver e para onde quer ir. Mas isto se não cair na tentação de querer controlar tudo o que aí vem….
Um dia, depois de uma longa conversa sobre a minha necessidade de controle, alguém me chamou a atenção para o facto de esta necessidade ser quase sempre inconsciente para o próprio, e dias depois enviou-me esta citação atribuída a S. Francisco de Assis, por mail:
Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado…
Resignação para aceitar o que não pode ser mudado…
E sabedoria para distinguir uma coisa da outra.
Vindo de uma agnóstica, pareceu-me ainda mais interessante e percebi que já me tinha lido esta citação uma dúzia de vezes sem lhe dar a importância devida e compreendi finalmente também que o que mais quero é sabedoria, pois força até nem me falta… :) mas mesmo a força precisa ser temperada. Ter força para ficar com os pés enterrados no mesmo sítio, não lhe vai servir de muito.
Força para mudar o que tem que ser mudado; para se libertar do passado, para se perdoar pelos seus erros, e para seguir em frente na busca de uma mudança que deseja.
Resignação implica aceitar! E aceitar não significa estar de acordo. Aceitar significa que o que não podemos controlar temos que soltar, ter uma atitude de desapego. Largue; solte e siga em frente!
Um dos momentos mais felizes na sua vida é quando perceber que tem a coragem para soltar o que não pode mudar! Quando interiorizar o desapego!
E como se costuma dizer, mais fácil de dizer, do que fazer!
Por vezes para aprender o desapego precisamos de um grilinho consciência, de alguém que nos repita a citação acima, interiorizando-a. Aliás, a repetição e multiplicação de citações mais ou menos profundas nas redes sociais, banaliza-as de tal modo que se tornam invisíveis. Daí nem sempre lhe darmos a devida atenção.
É preciso parar para pensar!
Se precisar de um coach que o faça parar para pensar, procure-o e invista no desapego! Vai ver que é a melhor escolha que pode fazer para mudar.
E se pensasse em mimar-se todos os dias?
Falar de gratidão está na moda e o sentir-se grato a [...]