Caro/a pai/mãe,
Se está a ler este artigo, é provável que tenha um filho/a que sofre de uma Perturbação de Ansiedade Generalizada e se esteja a sentir impotente em relação à melhor forma de o poder ajudar. Pode ser uma experiência difícil e avassaladora para si e para o seu filho, mas é importante lembrar-se que não está sozinho.
A Perturbação de Ansiedade Generalizada é uma perturbação de saúde mental, caracterizada por preocupações e medos incontroláveis e excessivos, relativos a eventos e situações do dia-a-dia. As crianças ou adolescentes com esta perturbação preocupam-se com questões que a maioria das outras crianças ou adolescentes também se preocupa. Contudo, estas crianças elevam o nível de preocupação para patamares excessivos e fazem-no e com elevada frequência e, muitas vezes, em relação a situações onde não seria esperada qualquer preocupação, ou seja, sem uma causa real.
Como é natural, esta preocupação interfere com o funcionamento normal das crianças, podendo criar, por exemplo, dificuldades de concentração na escola, uma vez que estão sempre com alguma preocupação ativa. Igualmente, pode dificultar o relaxamento e diversão destas crianças, assim como, a sua alimentação e rotinas de sono. Ainda, é possível que faltem várias vezes à escola, uma vez que esta preocupação excessiva pode fazer com que se sintam doentes, com medo ou cansados.
Como é que eu posso ajudar o meu filho a viver com esta perturbação?
Enquanto pai/mãe, desempenha uma função chave no tratamento do seu filho, desde logo porque é um porto de abrigo seguro, a quem tipicamente os filhos recorrem. Deixo aqui algumas sugestões para ajudar, a si e ao seu filho, a gerir a Perturbação de Ansiedade Generalizada:
1. Conheça e aprenda sobre a Perturbação de Ansiedade Generalizada. Perceber o que é este tipo de perturbação de ansiedade e como pode afetar o seu filho, pode ser uma grande ajuda na gestão da sua ansiedade. Conhecer os sintomas, as causas e os tratamentos existentes pode ajudá-lo a apoiar o seu filho de uma melhor forma e a encontrar os recursos e tratamentos adequados.
2. Seja assíduo e presente no acompanhamento psicológico do seu filho. É de grande importância para o progresso do acompanhamento e para o seu bem-estar. A presença consistente e o seu envolvimento podem ajudar o seu filho a construir uma relação terapêutica forte, fator essencial para um tratamento eficaz. Ao estar e ser presente, e comunicar, de forma regular, com o psicólogo do seu filho, pode compreender melhor o seu progresso e desafios que possam estar a enfrentar. Ainda, pode perceber que técnicas e estratégias podem ser usadas em casa para o melhor ajudar e oferecer ao psicólogo feedback valioso sobre os comportamentos que observa. Lembre-se, a terapia deve ser colaborativa e o seu envolvimento é essencial para apoiar o crescimento e recuperação do seu filho.
3. Incentive o seu filho a expressar e falar sobre as suas emoções. É de grande importância criar um ambiente seguro e de suporte, no qual o seu filho se sinta confortável para expressar os seus sentimentos e preocupações. Encoraje-o a falar consigo sobre a sua ansiedade, assegurando-lhe que os seus sentimentos são válidos e que o irá apoiar. Ainda, tranquilize o seu filho. Ele pode não perceber que a sua preocupação é mais intensa do que a situação exige e, portanto, precisará de mais tranquilidade e segurança da sua parte e de outros adultos.
4. Desenvolva estratégias de coping. Ajude o seu filho a desenvolver estratégias de coping (ou a treinar as que foram ensinadas em terapia), para gerir a sua ansiedade. Alguns exemplos destas estratégias são: exercício de respiração profunda, relaxamento muscular progressivo, imagética e técnicas de mindfulness. Incentive-o a participar em atividades físicas, como o desporto ou a dança, as quais o podem ajudar a reduzir alguns sintomas da ansiedade e melhorar o seu bem-estar geral.
5. Crie uma rotina estruturada. A criação deste tipo de rotinas pode ajudar a reduzir a ansiedade no seu filho com esta perturbação. Estabeleça padrões de sono e alimentação regulares e planeie atividades prazerosas que ajudem o seu filho a relaxar e a divertir-se.
6. Por último, mas não menos importante, tenha paciência. Pode demorar uns meses para a terapia começar a ter efeitos e a ajudar o seu filho a restaurar o seu bem-estar.
Lembre-se, gerir a Perturbação de Ansiedade Generalizada pode ser um processo longo, mas com paciência, compreensão e apoio, o seu filho pode aprender a controlar a ansiedade, passando a viver com maior satisfação e normalidade.
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