Nos tempos que correm muito se ouve falar de ansiedade. E o que é a ansiedade? A ansiedade caracteriza-se por um estado de apreensão ou medo devido a uma perceção de perigo ou ameaça, acompanhada, frequentemente, de sensações físicas. Imagine-se sentado num jardim e, de repente, uma cobra venenosa aproxima-se de si. O que faria? Sim, provavelmente fugia, precisamente porque sentiu ansiedade que o alertou para perigo da situação e o fez agir para se proteger do perigo. É pois a ansiedade que nos faz mover através da mobilização de recursos para enfrentarmos aquilo que nos ameaça ou desafia, contribuindo para o nosso desenvolvimento. Tem, assim, uma função adaptativa na nossa vida! Em última análise sentirmos ansiedade significa que estamos vivos! Isto dito assim parece que a ansiedade é a nossa melhor amiga, mas nem sempre isso acontece. E porquê? Porque quando a ansiedade passa a existir sistematicamente na nossa vida, mesmo quando sabemos que o perigo que apreendemos numa situação não corresponde ao perigo real dessa mesma situação, então poderemos estar a falar da existência de uma ansiedade que não é adaptativa, uma ansiedade patológica.
Alguma vez deu por si a sentir o coração a bater mais rápido do que o normal? O que aconteceu depois? Pensou que não estava bem, que lhe iria acontecer alguma coisa de mal? E a seguir notou que para além do coração a bater, já sentia o corpo todo a tremer e tonturas? E a seguir pensou que iria morrer ou até mesmo enlouquecer? E depois já não conseguia quase respirar? Pois bem, poderíamos então estar a falar de um ataque de pânico. Desafio-o a ler novamente as perguntas anteriormente feitas. Reparou na forma como o que pensamos influencia o que sentimos? E na forma negativa de olharmos para as sensações físicas? O facto de sentirmos o coração a bater mais rápido e pensarmos que nos vai acontecer alguma coisa de mal faz com que fiquemos ainda mais ansiosos e que, por isso, surjam mais sensações físicas reveladoras dessa ansiedade. E isso faz com que pensemos ainda pior sobre o nosso estado e, acabamos num ciclo vicioso, onde todos os nossos sentidos estão virados para as sensações físicas. Quase como se de repente o mundo parasse, como se deixássemos de ouvir o que quer que seja e apenas ouvíssemos o coração a bater. Como se deixássemos de ver o que nos rodeia, para apenas vermos o nosso corpo e o que lhe está a acontecer. Como se o cheiro deixasse de existir na nossa vida, pois nem sentimos o nariz a respirar. Apenas a boca a encher-se de ar. Como se deixássemos de sentir o chão que estamos a pisar ou cadeira em que estamos sentados. Como se não conseguíssemos sentir sequer o paladar, tal a boca fica seca. Pois é, parece que todos os nossos sentidos se focam nesta ansiedade e não conseguem sentir mais nada para além dela.
E tudo isto tem a ver com a forma como colocamos o foco da nossa atenção. Quanto mais nos focamos nas sensações e nos pensamentos sobre as mesmas, mais estes ganham dimensão e tudo parece estar com um foco aumentado. Deixamos de sentir tudo aquilo que nos rodeia para apenas nos focarmos naquilo que estamos a sentir e em como isso é desagradável. Perdemos a oportunidade de aproveitar todos os nossos sentidos para reparar e sentir uma paisagem bonita que nos rodeia ou uma conversa agradável com um amigo. E é esta ansiedade que, ao contrário da ansiedade normal e adaptativa que nos faz agir, bloqueia-nos em muitas situações e faz-nos congelar, onde parece que apenas existimos nós e todas as sensações desagradáveis e em que tudo o resto fica desfocado, pelo que começamos a evitar tudo aquilo que pode desencadear esta ansiedade por ser tão insuportável. Contudo, quanto mais evitamos maior a ansiedade que sentimos! Desafio-o, então, a mudar o foco! Quando der por si a sentir estas sensações desagradáveis sem razão aparente, experimente focar-se, por exemplo, naquilo que o rodeia. Nas pessoas que passam por si naquele momento, no que têm vestido, na forma como as suas sombras se projetam no chão. Provavelmente irá reparar que ansiedade diminuiu sem sequer se ter dado conta! É tudo uma questão de foco, da forma como cada um de nós olha para a ansiedade!
Este artigo foi escrito e publicado na Revista Chocolate
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