Esperar pelo resultado de um teste, esperar pelo resultado de um exame hospitalar, esperar pelo resultado de uma análise ao sangue, esperar pelo resultado de uma cirurgia, esperar pelo resultado de um email, esperar pelo resultado de uma proposta ou de uma entrevista de emprego… e quando a angústia da espera é maior, ou tão difícil, quanto o “resultado per-si”?
A grande maioria das pessoas recorre às distrações, “para não pensar”; ao pensamento positivo, “para atrair boas energias” ou ao catastrofismo, “preparando-se para o pior cenário”, para atenuar o sofrimento das suas esperas. No entanto, segundo a especialista Kate Sweeny, estas técnicas mostram-se pouco eficazes e, em alguns casos, estão mesmo na base de níveis aumentados de angústia.
Sabemos que todas as tentativas que fazemos para ter uma sensação de certeza e controlo da nossa vida, seja através de pensamentos ruminativos sobre o passado, ou seja através de pensamentos repetitivos e interrogações sobre o futuro… são muito desgastantes e nefastos para a nossa saúde e bem-estar em geral.
E se no período de espera se libertasse das infinitas questões sobre “Por que razão respondi daquela forma?”, “Não tenho jeito para aquele tipo de coisas”, “E se não gostarem de mim?”, “E se não conseguir aquele lugar?” E se a estas estratégias pouco eficazes juntasse alguns minutos de “atenção plena”? E se o período de espera se diluísse com um mergulho curioso no momento presente? Segundo o Jornal “Personality and Social Psychology Bulletin” a prática meditativa é o antídoto para a “maldição” da espera. O foco no momento presente permite-nos entrar em contacto com o que está a acontecer a cada instante, conhecer pensamentos e apreciar emoções, protegidos pelo distanciamento de sermos também um observador de nós próprios.
Conheça o estudo que dá o título a este artigo
Um estudo realizado com 150 estudantes de Direito da Califórnia permite-nos conhecer melhor as vivências do seu período de espera. Durante os quatro meses que teriam de aguardar pela publicação dos resultados de um exame, os alunos completaram diversos questionários. Alguns alunos partilharam os seus pesadelos relacionados com os resultados do exame, debilitação do estado de saúde e pensamentos repetitivos ao longo dos dias. Os alunos foram então convidados a participar numa sessão de meditação guiada, durante 15 minutos, pelo menos uma vez por semana. Kate Sweeny concluiu que a prática meditativa permitiu adiar o modo preparado-para-o-pior-cenário, uma vez que embora tenha vantagens no ajustamento de expectativas, a verdade é que instalado cedo demais, pode ser mais negativo do que positivo.
Sabemos que a prática da atenção plena traz inúmeros benefícios ao nosso dia-a-dia, mas este estudo alerta-nos para o papel regulador que assume nos “tempos de espera”. Regulando entre o modo preparado-para-o-pior-cenário e o modo tudo-vai-correr-bem… que é bom, mas também não nos prepara convenientemente para as más notícias. A prática da atenção plena permite cultivar este balanceamento entre “modos”, uma vez que no momento presente não somos, nem um, nem outro.
15 minutos, uma vez por semana, foi a média de tempo de prática mindfulness realizada por este grupo de estudantes e já foi suficiente para aliviar os sintomas de stress associados ao tempo de espera.
E na sua vida? Já pensou em introduzir mindfulness enquanto aguarda? Se quiser saber mais conheça o nosso Programa Experimente Mindfulness que terá em breve a próxima edição
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Mindfulness no local de trabalho: um contrato sem termo com o momento presente
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Excelente tema! quem mergulha no tempo presente enquanto espera não pensa naquilo que não deve :)