O que fazer com a ansiedade de desempenho no trabalho?
Cada vez mais encontramos alertas para o burnout ou para o stress no trabalho. Estudos realizados pela Anxiety and Depression Society of America afirmam que 56% das pessoas que sofrem de ansiedade lidam especificamente com a ansiedade de desempenho no trabalho.
Podemos dizer que a ansiedade existe num espectro emocional. Num extremo desse espectro, existe uma inquietação emocional de baixo nível. Por exemplo, quando está a chegar um cliente muito importante ou o seu carro está a fazer um som estranho e não tem como pagar o arranjo.
No outro extremo do espectro da ansiedade há um pânico agudo: há literalmente um urso do outro lado da porta, a sua casa está em chamas, este tipo de coisas.
Quando sentimos este pânico agudo, as nossas glândulas supra-renais libertam cortisol e adrenalina no nosso organismo, fazendo com que a pressão sanguínea suba e o nosso coração bata rapidamente. Esta libertação de energia permite-nos que escapemos do ataque do urso. Sem este mecanismo de resposta de “lutar ou fugir”, não sobreviveríamos.
No entanto, quando o nosso corpo reage com os níveis de ansiedade do “urso à porta” aos problemas da “chegada do cliente”, a ansiedade deixa de ser útil.
Ansiedade vs stress
Ansiedade não é o mesmo que stress, mas ambos estão relacionados. O stress é uma resposta aos estímulos externos, os quais desaparecem quando resolvemos o problema. Mas, ao contrário do stress, com a ansiedade não acontece o mesmo.
Se sentirmos um alívio imenso depois de terminarmos a reunião com o cliente, é o stress do local de trabalho a deixar-nos depois da tarefa estar feita. No entanto, se sentirmos um medo constante e residual quando pensamos no trabalho, estaremos a sentir ansiedade.
Viver com esta sensação de medo residual requer um esforço. É como ter dois empregos. E quem já passou por isso, sabe que a performance e a produtividade nem sempre são um sucesso. A ansiedade desgasta-nos e os níveis de produtividade caiem.
E como podemos canalizar a ansiedade de forma a termos um melhor desempenho?
Até podemos pensar que a resposta natural à ansiedade de desempenho no trabalho é respirar fundo, encontrar um lugar tranquilo e reunir os pensamentos. Alison Wood Brooks, da Harvard Business School, discorda. Ela defende a ideia de uma “reavaliação ansiosa”. Já reparou que a ansiedade apresenta-se de forma idêntica como quando sentimos entusiasmo com algo? E se convertêssemos a ansiedade de desempenho como algo congruente no entusiasmo por objectivos? Assim, estaremos a canalizar essa sensação de adrenalina que vem de situações com níveis de ansiedade altos num esforço positivo, em vez de simplesmente tentarmos “manter a calma e continuar” quando não nos sentimos bem.
Por outras palavras, é muito importante aceitar que estamos ansiosos. É fácil perder tempo e energia a tentar controlar a ansiedade em todas as frentes.
Estabeleça objectivos: Se é uma pessoa ansiosa, dará por si a esquecer-se de algumas coisas, que vem com a tomada de muitas decisões. Prioridades competitivas e a falta de definição de metas acabarão por levá-lo ao cansaço, já que termos multi-tarefas tira-nos o foco daquilo que poderá ser mais importante. Experimente fazer uma lista o mais detalhadamente possível com microtarefas. Assim, podemos usar a ansiedade para acedermos a sensações de realização, pois à medida que marcamos um item como “feito”, sentimos que essas pequenas conquistas nos levarão a outras ainda maiores.
Olhe para a produtividade como um barómetro da ansiedade: Um estudo realizado na Universidade de Ciência e Tecnologia de Missouri sugere que as oscilações no foco podem ser um sinal de alerta precoce de ansiedade iminente. Alternarmos tarefas, procurarmos distracções e evitarmos olhar para os objetivos, poderão ser sinais que apontam para o início de um episódio de ansiedade. Por isso, esteja atento às oscilações de produtividade e, assim, poderá perceber como estão os níveis de ansiedade. Se se sente culpado frequentemente por não fazer o suficiente, é muito fácil perder as suas conquistas diárias. Lembre-se de que nem sempre é sobre o que não conseguiu fazer.
Peça feedback: Se a sua ansiedade aumenta quando não está claro para si o objetivo, é importante obter um feedback. No entanto, quando tentamos esclarecer repetidamente quais são os pontos de ação, pode não só prejudicar a produtividade, mas também pode levar-nos a sermos menos assertivos na comunicação dessas tarefas.
Um estudo realizado pelo Approve.io, uma ferramenta de feedback rápido para freelancers que trabalham remotamente, revelou que o feedback sem pontos de ação claros e específicos pode conduzir à ansiedade.
Lembre-se de ser tolerante consigo mesmo: Lembre-se de que a produtividade e desempenho não são a mesma coisa, são aspectos diferentes no seu trabalho.
Está pronto para deixar de se castigar hoje pelo modo como a sua ansiedade afectou a produtividade? É improvável que as borboletas no estômago desapareçam de repente, no entanto, podemos aprender a canalizar essa energia e o foco para obter pequenas vitórias que alimentem a sensação de realização e de progresso.
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Muito bom. Este artigo ajuda na identificação e aceitação das crises de ansiedade. Obrigada.