As férias de verão chegaram e isso simboliza uma pausa nas responsabilidades e nos trabalhos escolares, assim como alterações nas rotinas de muitos jovens. Durante estes meses os pais vão alternando entre deixar os filhos com familiares, inscrevê-los em ATL’s ou colocá-los em campos de férias temáticos, por exemplo. Estas soluções asseguram que as crianças têm sempre onde ficar e também que têm sempre o que fazer, o que dá a sensação de que trocaram um dia ocupado por outro. A verdade é que quer pais, quer filhos, por vezes vão de férias, mas não descansam realmente; há dificuldade em sair do modo “vamos aqui, vamos ali e vamos fazer tudo o que seja possível”. Fazer atividades em família e proporcionar diversão aos mais pequenos é essencial para o seu desenvolvimento, contudo, numa sociedade em que se compete para ver quem tem as melhores férias, as fotos mais bonitas para partilhar, quem teve mais aventuras ou fez mais atividades, existe a possibilidade de se cair na armadilha de não parar e desfrutar verdadeiramente dos momentos e chegarmos ao final das férias a sentir… cansaço? Como é isto possível?
No sentido de prevenir estas situações, partilho convosco uma forma diferente de abordar situações no dia-a-dia com os mais novos: a técnica ARA (ação-reflexão-ação). No meu trabalho com crianças, quer como participante em grupos de jovens, quer como coordenador dos mesmos, esta simples forma de analisar os comportamentos que temos, tem-se revelado muito útil para ajudar os mais novos a pensar nas consequências das suas ações, planear melhor e voltar a agir com base naquilo que perceberam sobre si. Uma dificuldade comum para muitos jovens é a impulsividade e falta de atenção, portanto, uma analogia prática que se pode usar é a do semáforo, ou seja, tal como um carro tem de regular a sua velocidade de acordo com as cores do semáforo, assim também os mais pequenos – assim como os mais velhos – têm de parar, abrandar ou avançar conforme a fase de resolução de problemas em que se encontram (vermelho, amarelo, verde). Aplicando este exercício conseguimos promover também o método ARA: primeiro pensamos numa ação que tenhamos feito; depois abrandamos para promover a reflexão, no sentido de entender quais eram as consequências antecipadas, o que efetivamente aconteceu, o que queríamos que tivesse acontecido, como nos sentimos e como se sentiram as outras pessoas; após esta cuidada análise das coisas e repetindo este processo, iremos desenvolver pensamento crítico, regulação emocional, controlo de impulsos, planificação e até monitorização do comportamento; a partir disto as crianças podem voltar à ação para testar os resultados; podendo posteriormente parar se aferirmos que aquilo que iam fazer não era a melhor solução e tentar algo novo. Este exercício proporciona que estejamos atentos àquilo que sentimos e pensamos, refletindo sobre a situação e ficando mais presentes no momento.
Resumidamente, a época de férias é naturalmente uma altura de menos estrutura e mais flexibilidade na parentalidade, assim como na infância. Por isso, pode ser ótima para promover competências, de forma didática e divertida, nos mais novos. No fundo, utilizar o tempo livre de forma a contribuir para momentos de abrandamento e reflexão com as suas crianças, com o objetivo de conseguirem estar mais conscientes daquilo que pensam e sentem relativamente às experiências que vão vivendo, o que irá contribuir para que as férias não sejam tão cansativas. Assim que todos os momentos de atividades, brincadeiras e diversão, sejam intercalados com instantes de verdadeiro relaxamento e pausas genuinamente reparadoras. A título de exemplo, se o seu lugar preferido for estar na praia ao pôr do sol a comer um gelado, quando foi a última vez que fez uso de todos os seus sentidos para desfrutar da experiência? Quer fosse olhar para as cores que o Sol deixa no horizonte enquanto desce, a sensação das mãos nos inúmeros grãos de areia, o cheiro da água salgada a encher os pulmões, o som das ondas a rebentar suavemente na areia ou até o desfrutar do sabor do seu gelado preferido enquanto presenciava aquele momento.
Termino, perguntando-lhe então, qual é o seu “lugar feliz”? E quando foi a última vez que realmente aproveitou verdadeiramente uma pausa? Nestas férias faça a si mesmo o favor de usufruir destas pequenas oportunidades e incentive os mais novos a fazerem o mesmo, até em conjunto consigo se necessário.
Pensamentos intrusivos: a torneira que não conseguimos fechar
Vou pedir-lhe para experimentar um exercício: independentemente daquilo que acontecer não [...]
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