Perturbação de Acumulação
A Perturbação de Acumulação faz parte da “família” da Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC). A prevalência desta perturbação é de 2-6% nos adultos, sendo mais frequente em adultos mais velhos de ambos os sexos. Pode manifestar-se na adolescência, mas é uma perturbação que se vai agravando com o envelhecimento, desenvolvendo-se de forma progressiva. Os sintomas de acumulação parecem ser quase três vezes mais prevalentes em indivíduos mais velhos (55 a 94 anos) comparados com indivíduos mais jovens (33 a 44 anos).
O que é a Perturbação de Acumulação?
Define-se pela acumulação excessiva de objectos, independentemente do seu valor real e a vivência de sofrimento perante a perspectiva de os deitar fora (vender, reciclar, dar), o que leva a que a sua acumulação se torne incontrolável. As principais razões para a acumulação e manutenção dos objectos prendem-se com a utilidade percebida ou o valor estético dos itens, o apego sentimental ou o medo de perder informações importantes.
A acumulação prejudica as actividades básicas, como andar pela casa, cozinhar, limpar, fazer a higiene pessoal e até mesmo dormir, causando sofrimento significativo no funcionamento social, profissional ou noutras áreas importantes da vida do indivíduo (incluindo a manutenção de um ambiente seguro para si e para os outros). A qualidade de vida está, com frequência, consideravelmente prejudicada. A perturbação de acumulação é diferente de um comportamento de coleccionar, que é organizado e sistemático, não produz obstrução dos espaços nem sofrimento psíquico.
Outras características comuns da Perturbação de Acumulação incluem indecisão, perfeccionismo, procrastinação, dificuldade de planeamento, organizar tarefas e distratibilidade.
Na avaliação de diagnóstico da Perturbação de Acumulação, terá de ser considerado se os sintomas não se devem a outra condição médica ou outra perturbação psicológica.
Causas
Não se conhecem as causas, sabe-se é que existem factores de risco, como por exemplo um membro da família também ter esta perturbação, presença de lesão cerebral, ou ocorrerem eventos vitais estressantes e traumáticos que podem desencadear ou piorar os sintomas da Perturbação de Acumulação.
Tratamento
Um dos grandes obstáculos ao tratamento é a pouca consciência da gravidade da perturbação, sendo que as tentativas dos indivíduos em parar o comportamento têm pouco sucesso. Por outro lado, quando há alguma consciência, a vergonha dificulta a procura de ajuda. Como tal, é importantíssimo a consciência e conhecimento sobre esta perturbação. Apenas retirar os objectos não é uma solução a longo prazo, e possivelmente poderá reiniciar a acumulação, sem haver uma intervenção de base e dirigida aos factores subjacentes.
Para além destas questões, os indivíduos com esta perturbação poderão apresentar perturbação depressiva, ansiedade social, perturbação de ansiedade generalizada e perturbação obsessiva compulsiva.
O tratamento deve ser feito com profissionais especializados e compreende intervenções psicofarmacológicas e psicoterapêuticas. Alguns fármacos poderão ajudar a melhorar os sintomas mais depressivos e de ansiedade, que geralmente acompanham a Perturbação de Acumulação. A nível psicoterapêutico, salientam-se intervenções integradas e compostas por elementos da Entrevista Motivacional (aumento da motivação para a mudança de comportamento), Cognitivo-Comportamental (intervenção focada nos pensamentos e comportamentos e sua reestruturação), treino de competências ao nível de organização, resolução de problemas, tomada de decisão, relaxamento e foco na prevenção de recaída.
Fontes:
American Psychiatric Association – APA (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth edition. American Psychiatric Publishing.
International OCD Foundation – https://hoarding.iocdf.org
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