Qual é, qual vai ser ?
Estamos a chegar ao fim do ano o que nos leva a um balanço do que fizemos bem, do que alcançámos, e das nossas frustrações. Vem aí um ano novo que queremos limpinho e radioso com novas decisões, novos planos, novos sonhos.
E então, como foi o seu ano? Deu por si em modo Super herói a querer fazer tudo da forma correta? Deu por si a querer ser perfeito, corajoso e forte? Colocou padrões de exigência tão elevados que estavam ao nível de qualquer Super Herói?
Agora imagine a pessoa mais cruel que conhece. Imagine que o trabalho dela, a tempo inteiro, é andar atrás de si a criticar e a julgar constantemente tudo o que faz. O tempo todo! E, que para além disso, lhe faz uma tentadora promessa de que todos os seus medos e inseguranças desaparecerão se fizer tudo da maneira certa. E agora, reconheça, quantas vezes disse para si próprio:
“Se fores perfeito, se viveres de forma perfeita, podes evitar a crítica, a culpa e o ridículo. Se fores perfeito não vais sofrer nem ser magoado. Se fores forte, com elevada autoestima vais ser apreciado e acarinhado”.
Esta é uma voz constante na sua cabeça? O perfeccionismo é o escudo de muitas toneladas, que carregamos às costas, à espera que nos proteja e impeça de sermos feridos, julgados ou magoados. Desde cedo aprendemos que devemos ser exigentes connosco próprios, termos cuidado com as nossas ações para não nos envergonharmos e, acima de tudo, temos que obter resultados. Como acha que fica quando se critica constantemente, se deprecia e se considera sempre abaixo das expectativas? Mal, certo? Esta forma de se julgar pode levar à baixa autoestima, ansiedade e depressão.
Recebo, com frequência, clientes que referem baixa autoestima. Trazem como objetivo melhorá-la e torná-la uma força à prova de qualquer juízo ou avaliação, desafio ou situação desagradável, seguros de que lhes trará um maior bem-estar. Querem ser capazes de enfrentar aquelas situações, que já os fizeram sentir-se vulneráveis e com os joelhos a tremer e vontade de fugir a 7 pés, de forma destemida e sem medo.
E sabe porque não se estimam? Porque não são perfeitos e corajosos como os Super heróis!
A autoestima passa por uma ideia de valor pessoal e de perfeccionismo que nada faz pelo bem-estar. O “Quase perfeito” é visto como fracasso, pequenos erros e imperfeições, no trabalho ou em si mesmos, são foco de elevada preocupação, a crítica é mais dura quando a “falha” ocorre , os padrões de desempenho são elevados, irrealistas e pouco razoáveis, a concretização do objetivo é mais importante que o processo de crescimento e desenvolvimento, o medo de falar é assustador, e pode levar à Procrastinação, Burnout, e baixa auto estima.
Sentimo-nos vulneráveis nas situações em que percecionamos a nossa segurança ameaçada e, o nosso instinto de sobrevivência, ativa todas as nossas defesas. Se não formos apreciados, não seremos acarinhados, os outros podem afastar-se de nós, e corremos o risco de ser abandonados e ficar sozinhos. Estamos em perigo! Como o homem primitivo que dependia da comunidade para sobreviver também nós, animais sociais, precisamos dos outros, do seu reconhecimento, do seu carinho, da sua presença e de nos sentirmos ligados e conectados. É uma questão de vida ou de morte! Achamos então que a coragem nos vai ajudar nestas situações.
Mas a vulnerabilidade não é fraqueza e a coragem é a capacidade de permitir que não se recue por causa do medo.
“Coragem é resistência ao medo, domínio do medo – não ausência do medo”– Mark Twain
Evitamos a exposição das nossas inseguranças, necessidades, erros e medos com receio de sermos ridicularizados, julgados, mal compreendidos, que os outros possam mudar a sua opinião sobre nós, e podermos vir a ser abandonados. Tudo perspetivas assustadoras!
Brené Brown que dedicou a sua carreira a estudar a vulnerabilidade define-a como um risco emocional, exposição e incerteza. Alimenta a nossa vida diária e é a nossa medida mais exata de coragem: sermos vulneráveis, deixarmo-nos ser vistos, sermos honestos. Envolve a partilha dos nossos pensamentos e sentimentos mais íntimos.
Todos nós já vivemos situações em que recebemos respostas e reações que nos magoaram ou dececionaram. A dor da desconexão emocional pode levar-nos a esconder os verdadeiros sentimentos e pensamentos para nos protegermos. Quantos de vocês, honestamente, pensam que vulnerabilidade e fraqueza são sinónimos? A maioria, estou certa.
É tentador pensar: “Vou entrar ali e vencer, mas só quando estiver imune a ataques e juízos de valor, e for perfeito”, Mas a verdade é que isso nunca acontece! E é isso que é a vida! Arriscarmo-nos a partilhar os nossos pensamentos e sentimentos. Arriscado ou não, as recompensas da vulnerabilidade são imensas. Através da abertura emocional e vulnerabilidade podemos tornar as nossas relações mais próximas e desenvolver uma verdadeira intimidade com os outros.
“Mas os Super Heróis não são vulneráveis, são fortes!” É o que lhe continua a dizer essa voz que o persegue? “Se partilhas os pensamentos e emoções expões-te e corres o risco da indiferença, desaprovação ou raiva dos outros. Enquanto Super Herói tens o escudo protetor da perfeição.”
As pessoas que tem a coragem de ser imperfeitas e a compaixão de serem gentis consigo mesmas, permitem-se ser mais autênticas e abdicam do “devo ser” e assumem o “sou”. Atrevem-se, arriscam-se a fazer coisas e a expor-se (mesmo sem certeza ou garantia dos resultados), aceitam todas as suas emoções, valorizam relações de maior intimidade e abraçam uma postura autêntica e de genuinidade. Dão o seu melhor e aceitam que a vida tem altos e baixos. Deixam de controlar e prever tudo. Acreditam que são capazes, dignos de ser amados e de pertencer.
Trago-lhe boas notícias. Se está em luta com a sua vulnerabilidade não está sozinho. Se reparar bem há muitos a lutar pela capa de Super-Herói .
Mas, temos também o Pai Natal. Aquela figura sorridente, tranquila, bonacheirona e compassiva, gentil, que aceita e compreende as dificuldades e limitações de cada um e distribui prendas mesmo a quem fez asneiras ou cometeu erros ao longo do ano.
E se for mais Pai Natal consigo?
Ter auto compaixão não faz de si fraco ou egoísta. Se for gentil e compreensivo consigo mesmo, pode fornecer-se o apoio e a tranquilidade que precisa para restaurar o seu equilíbrio emocional. As pesquisas demonstram que as pessoas que são mais compassivas, consigo mesmas têm maior autoestima e aceitam melhor as suas falhas. Aceitar os erros e desculpar-se mais facilmente promove o crescimento e o autoaperfeiçoamento. A auto compaixão é uma competência que se treina, que tem um profundo impacto ao nível cerebral, inúmeros benefícios psicológicos e mesmo da saúde em geral.
É tempo de parar e de tirar a capa de Super homem. É tempo de colocar as barbas de Pai Natal e começar a mudar a forma como se relaciona consigo próprio. É tempo de praticar a autocompaixão
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Excelente mensagem. Muitíssimo obrigado!!! Já estou compartilhando com alguns amigos e amigas, viu?
Response from Oficina Psicologia
Muito obrigada pelo seu feedback e pelo Pai Natal que há em si o leva a partilhar, com generosidade, com os seus amigos, o que lhe parece importante.
Desejo-lhe umas Boas Festas!
Gostei!
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Obrigada, é gratificante saber que gostou do texto que fiz e da mensagem que transmiti.
Desejo-lhe Boas Festas
Gostei !
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Obrigada pelo seu feedback. É gratificante saber o nosso trabalho, mesmo que feito com prazer, reconhecido.
Desejo-lhe Boas Festas!
Excelente! Adorei o texto! Serviu-me de grande valia no meu aprendizado em neuropsicologia e também no meu viver diário. Isso ajuda muito. Estou até compartilhando-o no Facebook e também com amigos(as) do Whatsapp. Muito obrigado! Valeu!
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Muito obrigada pela generosidade do seu feedback e da partilha com os seus amigos.
Desejo-lhe uma Boas Festas
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