Como lidar com a baixa tolerância à frustração
A frustração é uma reacção emocional que surge quando queremos alcançar um objectivo e há algo que nos impede essa acção. É uma experiência desagradável quando as coisas não estão a correr da forma que gostaríamos que corressem, precisamente num momento em que estamos a tentar fazer algo, como imprimir um documento, convencer um amigo a ir a um jantar ou perder o comboio. Nestes momentos surge um problema: o papel encrava na impressora, o seu amigo não alinha consigo ou havia mais trânsito do que o habitual até chegar à estação de comboios.
Ao contrário de outras emoções, como a raiva, não há um candidato claro para atribuir a culpa num evento frustrante – muito possivelmente só a nós próprios. A impressora não é culpada, talvez o fabricante seja, mas esse não é o foco da frustração. Nem o amigo, que tem todo o direito em não querer acompanhá-lo ao jantar. Para algumas pessoas pode ser difícil não culpar os outros pelas suas adversidades, pelo que a frustração pode conduzir-nos à raiva. Alguém que perde o comboio pode culpar a empresa ferroviária, mesmo que o comboio cumpra exactamente o seu horário, ou argumentar que os comboios estão sempre atrasados, excepto quando a pessoa se atrasa.
Quem nunca passou por situações assim? Considera-se uma pessoa com capacidade de tolerância à frustração ou é-lhe difícil gerir estes momentos?
Pessoas com alta tolerância à frustração são capazes de lidar com contratempos com sucesso. Por seu lado, aquelas com baixa tolerância à frustração, podem ficar frustradas com os obstáculos mais pequenos do dia-a-dia, desistindo facilmente dos desafios. A simples ideia de ter de esperar numa fila ou trabalhar em algo que não entendem, pode ser intolerável, por exemplo.
Felizmente, há algumas coisas que pode fazer para melhorar a sua tolerância à frustração.
O que acontece?
A tolerância à frustração é uma componente essencial do bem-estar psicológico. Os indivíduos que conseguem lidar com os imprevistos tendem a persistir no alcance dos seus objetivos, o que pode contribuir para o seu bem-estar e para a motivação de querer alcançar mais ainda.
Tal como foi referido acima, aqueles com baixa tolerância à frustração podem desistir facilmente ou evitar tarefas desafiantes por completo, o que pode afetar também diversas áreas da sua vida, como os relacionamentos. Por isso, podem ter a tendência de “atacar” quando estão frustrados, de serem impacientes em relação a comportamentos dos seus parceiros ou intolerantes em situações quotidianas (como esperar por uma mesa no restaurante), o que pode conduzir a um aumento da tensão no relacionamento.
Factores que podem contribuir para a baixa tolerância à frustração
Há várias razões pelas quais algumas pessoas se deparam com baixa tolerância à frustração:
Saúde mental: As condições da saúde mental, como a depressão e a ansiedade, podem diminuir a tolerância à frustração. Alguns estudos também revelam que indivíduos com Perturbação de Hiperactividade/Défice de Atenção também tendem a ser menos tolerantes à frustração.
Sistemas de crenças: As crenças também desempenham um papel na tolerância à frustração. Uma pessoa que pensa coisas como “A vida é fácil” ou “As outras pessoas devem corresponder sempre às minhas expectativas” será menos tolerante aos obstáculos do dia-a-dia.
Detectar os sinais da baixa tolerância à frustração
A baixa tolerância à frustração pode ser sentida de formas diferentes. Aqui estão alguns sinais comuns:
- Adiar tarefas frequentemente por estarem associadas a algo difícil ou aborrecido;
- Evitar tarefas que possam causar angústia;
- Tentativas impulsivas de “consertar” uma situação devido à impaciência, em vez de esperar que o problema se corrija;
- Desconforto temporário exagerado;
- Insistir em obter a gratificação imediata;
- Desistir imediatamente quando confrontado com um desafio ou obstáculo;
- Irritação ou zanga crescentes face às adversidades do dia-a-dia
- Pensar ou insistir na ideia, “Eu não suporto isto”.
Criar tolerância à frustração
A boa notícia é que podemos aprender a lidar com a frustração. Com prática e dedicação consistentes, podemos diminuir a sua intensidade e aprender a expressar o que sentimos ou pensamos de forma adequada.
Aceitar situações difíceis
A frustração é alimentada por pensamentos como “Estas coisas acontecem sempre comigo!” ou “Porque é que o trânsito tem de ser tão mau todos os dias? Isto é horrível.” Tente responder a afirmações exageradamente negativas com outras mais realistas. Por exemplo, em vez de pensar na injustiça dos engarrafamentos, lembre-se: “Existem milhões de carros na estrada todos os dias, os engarrafamentos vão acontecer.”
Quando se deparar com a injustiça da vida, tente perceber se é uma situação em que pode fazer algo diferente ou se precisa de mudar a sua resposta. Se a situação fugir do seu controlo, não haverá outra forma, senão aprender a aceitar.
Fale consigo mesmo
A frustração pode surgir por duvidar da sua capacidade de tolerar o sofrimento. Pensar que “não suporto esperar na fila” ou “estou sobrecarregado demais para tentar novamente” aumentará sua frustração. Estes tipos de pensamentos também podem impedi-lo de executar tarefas que podem levá-lo a sentir-se frustrado.
Lembre-se de que pode lidar com sentimentos angustiantes: seja a respirar fundo e tentar novamente ou contar até 10 quando está zangado, experimente estratégias para lidar com a frustração de uma forma saudável.
Aprenda a acalmar o seu corpo
A frustração pode despoletar sintomas fisiológicos, como o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial.
Saber como acalmar o corpo pode ser a chave para acalmar a mente: respirações profundas, meditação, relaxamento muscular progressivo e atividade física são algumas das estratégias que podem ajudá-lo a gerir os sintomas físicos da frustração.
Experimente diferentes estratégias de relaxamento até descobrir o que funciona para si. Quando a frustração começar a aumentar, acalme o seu corpo antes que os sintomas se tornem muito intensos.
Pratique a tolerância à frustração
Assim como qualquer outra aptidão, a tolerância à frustração requer prática. Comece devagar e ponha em prática este treino.
Experimente, por exemplo, fazer algo que seja levemente frustrante, como fazer um quebra-cabeças difícil ou esperar numa longa fila. Gira o seu diálogo interno e use as estratégias para acalmar os sintomas físicos.
Quando conseguir gerir a sua frustração, ganhará confiança na sua capacidade de tolerar problemas. E, assim, com o tempo, poderá expor-se gradualmente a situações cada vez mais frustrantes.
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Propria
muito interessante
Dá raiva só de ler, então posso dizer que é uma daquelas verdades difíceis de aceitar. Até entedo que sofro com a baixa tolerância a frustração, mas só em pensar em não manifestar minha raiva a situações que me causam desconforto já me deixa muito irritado.
Muito claro e muito interessante
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