Quem vê frequentemente a ansiedade a condicionar o seu dia a dia, é natural que se sinta tentado a procurar mil e uma soluções para reduzir ou até mesmo livrar-se da sua sintomatologia. Talvez pesquise sites na internet ou procure nas redes sociais formas de contornar este estado desagradável que não há maneira de desaparecer da sua vida.
Mas, antes de implementar qualquer lista de estratégias que lhe possam sugerir, é preciso, em primeiro lugar, permitirmo-nos conhecer a nossa própria ansiedade. É extraordinariamente comum ouvirmos a frase “estou ansioso”, mas já se questionou o quanto as pessoas realmente sabem sobre a sua própria ansiedade? Ou quanto tempo dedicam a conhecê-la? Tendemos a evitar situações ansiogénicas acreditando que ao fugir do “perigo” ficamos aliviados, desviamos a atenção para a ansiedade não aumentar, e, por fim, evitamos claramente senti-la. E porque não tornarmo-nos amigos dela?
Em que momentos se sente ansioso? Onde, fisicamente, sente a ansiedade? É um aperto no peito, tensão atrás da cabeça ou sensação de falta de ar? Consegue identificar qual é o gatilho que despoleta as sensações perturbadoras e acelera o seu batimento cardíaco? Que pensamentos lhe surgem quando toma consciência de que está a ficar ansioso? Consegue comunicar com a sua ansiedade? O que lhe diz? Provavelmente, já tentou realizar comportamentos para se livrar da ansiedade, identificou-a, mas que estratégias aplicou? Quais tiveram mais efeito do que outras e porquê?
Estas perguntas têm uma finalidade concreta, conhecer-se a si mesmo e permitir dar espaço à sua ansiedade. Sabe porquê? Podemos ter dois indivíduos que sofrem de ansiedade e que ambos ficam fisicamente muito tensos, mas a diferença sobressai quando um consegue perceber que ir ao ginásio logo de manhã o alivia para o resto do dia e o ajuda a descarregar energias negativas, e, o outro, prefere, após a pressão toda do dia de trabalho, fazer uma massagem relaxante antes de ir para casa.
Se a ansiedade dificulta os seus dias, possivelmente, também já percebeu que umas horas de sono a menos conduz a níveis de ansiedade mais elevados e perde capacidades físicas e cognitivas para lidar com ela de forma eficaz. Dedique algum tempo a perceber qual é a posição que mais o(a) agrada, evite atividades agitadas antes de ir dormir e deixe que a cama seja o espaço onde descansa, não trabalhando com o computador sentado em cima do mesmo local onde dorme, ou não comendo em cima da mesma. Já ponderou, também, realizar um ritual de preparação para o sono? Uma rotina antes de dormir que diz ao seu corpo que está na hora de desligar?
Para além disto que lhe deixo para refletir, sugiro-lhe dois exercícios práticos que pode fazer para se familiarizar com a sua ansiedade e reduzi-la.
(1) Vamos sentir?
Observe o ambiente à sua volta, use e abuse dos seus sentidos, respire profundamente algumas vezes. Agora, note e diga para si mesmo 5 coisas que pode ver à sua volta, 4 coisas que pode sentir, 3 coisas que possa escutar, 2 coisas que consiga cheirar e 1 coisa que pode saborear.
(2) Vamos respirar?
Sente-se numa posição confortável e que o deixe descontraído, repouse as mãos sobre as pernas ou a barriga. De seguida, contando até 4, inspire pelo nariz. Segure o ar e conte até 2. Solte o ar pela boca enquanto conta até 6. Observe o seu corpo e, ao seu ritmo, repita o processo.
Se ao praticar estes exercícios sentiu-se mais aliviado e ficou interessado, venha conhecer e trabalhar a sua ansiedade connosco no grupo terapêutico “Ansiedade e Stress”!
E se acontecer?
Já deu por si a desabafar com um familiar ou amigo e a resposta [...]
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Sim os exercícios respiratórios ajudam. Às vezes faço quando me sinto bem e considero que são uma forma de treino! Antes de uma reunião, antes de dormir.
Interessante os exercícios que refere em “vamos sentir”. Vou fazer. Fará parte do meu processo de auto ajuda.
Obrigada Drª Sofia Martins
Percebo que aquele momento que dedico exclusivamente a mim numa posição e num ambiente confortáveis, fazer exercicios respiratórios suaves mas profundos, até uma sensação de grande conciliação comigo. Neste estado fico mais lúcida e mais capaz de identificar o que me causa ansiedade. O porquê, o como e accionar os recursos que melhor servirão o alívio ou a resolução do mal estar que trouxe a ansiedade. Com este confronto positivo ativarei a gentileza e a bondade para mim própria primeiro. Estarei mais disponível e mais atenta perante situações incómodas.