Sabia que o cérebro, ao arrumar as memórias, dá prioridade às experiências mais recompensadoras?
Um estudo conduzido pela Universidade de Columbia revelou que durante a noite, o cérebro, automaticamente, preserva as lembranças de eventos importantes e filtra o restante, o que dá abertura para compreendermos melhor os processos que orientam a tomada de decisões e o comportamento.
A capacidade do cérebro de preservar memórias está no cerne da nossa experiência humana básica. Mas, então, como é que o mecanismo de memória do cérebro se certifica de que nos lembramos dos eventos mais significativos e não “entupimos” as nossas mentes com detalhes desnecessários?
De acordo com este estudo, o cérebro prioriza aqueles eventos de alta recompensa para os recuperar posteriormente e filtra os eventos neutros e inconsequentes, retendo memórias que serão úteis para decisões futuras. Como sabemos, não conseguimos lembrar-nos de tudo, pelo que, desta forma, o cérebro resolve este problema filtrando automaticamente as nossas experiências, preservando memórias de informações importantes e descartando o restante.
No entanto, este efeito leva o seu tempo, pois a prioridade às memórias de recompensa exige também tempo para a sua consolidação. Por isso, o estudo sugere que a janela de tempo imediatamente a seguir à recompensa, tal como uma longa noite de sono, é importante para trabalhar a sequência de eventos e a forma da memória.
Para realizar o estudo, os investigadores recrutaram participantes para explorar uma série de labirintos simulados por computador, à procura de uma moeda de ouro escondida, pela qual recebiam um dólar. Os labirintos eram formados por quadrados cinzentos e à medida que os participantes exploravam locais diferentes, surgiam imagens de objectos do dia-a-dia, como um guarda-chuva ou uma caneca. Os participantes foram surpreendidos quando os investigadores revelaram que fariam um teste de memória com esses objetos.
Quando o teste surpresa foi realizado 24 horas após a exploração, os participantes recordavam-se dos objetos mais próximos da recompensa (a moeda de ouro), mas esqueceram-se dos outros. Isto significa que a recompensa teve um efeito retroactivo, ou seja, os objectos vistos pela primeira vez e que não tinham um significado especial, foram recordados mais tarde, apenas porque estavam próximos da recompensa. Para surpresa dos investigadores, este padrão de memórias não surgiu quando testaram a memória imediatamente. O cérebro precisava de tempo para priorizar as memórias para os eventos que levariam à recompensa.
Com isto, os resultados mostram que as experiências consideradas mundanas quando acontecem são alteradas na memória devido à associação com algo significativo que surgirá depois. Por outras palavras, esta experiência demonstra que o que é lembrado não é aleatório. O cérebro tem mecanismos para preservar automaticamente as memórias importantes para o comportamento futuro.
Para as memórias serem mais úteis para decisões futuras, precisamos que elas sejam moldadas pelo que é importante, e é importante que essa modelagem da memória aconteça antes que as escolhas sejam feitas.
Apesar destes novos dados acerca da estrutura da reprodução da memória, como este processo acontece no nosso cérebro, ainda é um mistério. Provavelmente, o processo envolve dopamina, uma substância química conhecida por ser importante para as recompensas e o hipocampo, a região do cérebro que é importante para a memória de longo prazo. No entanto, são necessários mais estudos para entender o mecanismo pelo qual isso acontece.
Fonte: https://rdcu.be/bgWak
Qual foi o interesse que este artigo teve para si?
Achei o artigo muito interessante, fiquei a saber mais coisas do funcionamento do nosso cérebro
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