Façamos uma breve passagem pelo nosso dia-a-dia.
Acordamos e ainda mal despertos, sentam-nos para o pequeno-almoço. Em simultâneo, desbloqueamos o telemóvel para fazer scroll nas notícias de última hora ou folheamos o jornal da manhã. Entramos no carro, ligamos o rádio, e entre músicas,alguém faz um comentário atualizado sobre o estado da guerra no mundo. Ainda não percorremos metade do dia e a quantidade de informação que recebemos já é exaustiva.
Faz ideia de quantas horas por dia passa a ver, ler ou ouvir notícias?
E que impacto têm essas notícias na sua saúde mental?
Segundo o estudo “Digital 2023: Portugal”, estima-se que 8,73 milhões de portugueses utilizam a internet. Em média, 7 horas e 37 minutos do nosso dia é online, sendo que 67,3% das pessoas, utilizam esse tempo para acompanhar notícias e acontecimentos atuais sobre o país e o mundo.
Televisões, rádios, manchetes de jornais, expõem em direto uma realidade destrutiva, imagens chocantes de violência, sofrimento humano e destruição de comunidades inteiras. Depois de uma divisão exigente da nossa atenção por todos estes conteúdos, existe uma impossível missão de não nos sentirmos afetados. Somos transportados para uma espiral de medo, ansiedade, depressão, impotência, cansaço e, em alguns casos, a procura do isolamento social como forma de proteção. No centro dessa espiral surgem pensamentos como: “E se entramos também nós em guerra?”; “Sinto-me culpado/a por estar seguro/a e confortável aqui, enquanto tantas pessoas estão a sofrer.”; “Não consigo tirar da minha cabeça as imagens daquelas pessoas a morrer.”; “Questiono-me se estou seguro/a aqui?”. Há um medo que se instala na nossa experiência diária e a partir daí, ativamos um estado de hipervigilância constante, onde já nada nem ninguém nos parece seguro.
O desafio duplica-se num mês em que todos parecem celebrar a união, a esperança, o amor e a paz. Celebrar não significa ignorar todos os problemas do mundo, pelo contrário, significa reconhecer e refletir sobre eles, acolher os privilégios que possuímos e cuidar do nosso bem-estar. Se por um lado é importante mantermo-nos informados, por outro é fundamental colocarmos limites nesse consumo.
Algumas recomendações importantes:
– Defina horários específicos para se informar e, depois, desconecte-se;
– Procure fontes de informação fidedignas e seguras;
– Dê prioridade ao autocuidado, dedique tempo a atividades que lhe proporcionem bem-estar;
– Mantenha contacto com amigos e familiares;
– Pratique estratégias para gerir a ansiedade, como meditação e Mindfulness;
– Reconheça que neste contexto é muito provável que se sinta angustiado/a e assustado/a.
– Se lhe fizer sentido, participe em movimentos de solidariedade e ajuda humanitária;
– No caso de sentir dificuldades em gerir o impacto emocional resultante da situação atual do Mundo, não hesite em procurar apoio profissional (psicólogo ou psiquiatra).
Não seja demasiado exigente consigo. Há um sentimento de impotência em cada um de nós. A união, a paz e a saúde mental são palavras de força que deve trazer para o seu quotidiano.
Lembre-se, cuidarmos de nós também é cuidarmos do Mundo.
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