Sentir momentos de ansiedade, receio ou preocupação é uma experiência comum ao longo da vida. No entanto, quando o grau de preocupação é desproporcional ao motivo, persistindo de forma excessiva nas atividades diárias, comprometendo-as, já não estamos a falar de uma condição aceitável. Certamente estamos acostumados a ouvir dizer que “tudo o que é em excesso faz mal” e, verdade seja dita, não há frase mais acertada do que esta para descrever a ansiedade.
Desde fobias a medos de apresentações em público ou ataques de pânico, o espetro onde a ansiedade pode “atacar” é bastante alargado. Mas, a que nos estamos a referir quando os níveis de ansiedade são elevados e as preocupações estão por todo o lado? Por exemplo, sente que a sua segurança pessoal, o seu desempenho profissional ou até a mais pequena tarefa do seu quotidiano é ameaçada pelos perigos do mundo e sente que não consegue lidar com as preocupações do futuro?
Se sim, estamos a falar de uma PAG – Perturbação de Ansiedade Generalizada. Estar preocupado em si não é uma patologia, mas quando quase todas as situações diárias são pressentidas como potencialmente prejudiciais ou incontroláveis e estamos constantemente a prever os perigos futuros, claramente que estamos perante um sofrimento permanente.
Pensamos que é positivo manter imagens das situações que nos geram ansiedade porque estamos a prepararmo-nos para algo que tememos, mas o nosso cérebro tem as suas armadilhas. A curto prazo, a ansiedade pode diminuir, mas a longo prazo estamos a impedir que as nossas emoções sejam processadas e estamos a manter o nosso corpo em estado de alerta, acreditando, erradamente, que serve para diminuir a ansiedade. Sabe quais são as consequências disso? Não só impede a aquisição de informação relevante ao nosso redor, como perdemos a capacidade de executar outras tarefas e “absorver” emoções ou sensações perturbadoras.
A procura inconsciente de soluções para todos os cenários é consequência desta ansiedade sem razão aparente ou perigo real, tornando-se bastante limitadora e incapacitante, sendo uma perturbação que pode manifestar-se também ao nível somático.
A nível neurológico, há evidências que mostram que esta constante estimulação emocional de elementos ansiogénicos e ameaçadores, tem consequências no desempenho da nossa atenção e memória. Sim, era esperado, mas indivíduos com PAG também apresentam a sua cognição social comprometida, demorando mais tempo a reconhecer e a processar emoções. Para além disso, manifestam uma maior sensibilidade a estímulos negativos e com tendência a generalizar.
A corrente Cognitivo-Comportamental através de estratégias de regulação emocional e terapia cognitiva revela resultados com forte impacto na PAG. Com o conhecimento e monitorização das distorções cognitivas, conseguimos desenvolver novos significados e interpretações acerca das situações e do futuro, reduzindo, consequentemente, o desconforto e sofrimento desproporcional. Mas, na prática, em que consiste realmente isto tudo? A terapia cognitiva postula que a base dos problemas da vida psicológica está no pensamento ou, por outras palavras, na cognição, na forma como as pessoas processam a informação. Portanto, quando nos referimos a distorções cognitivas estamos a falar de formas alteradas de as pessoas interpretarem as situações e, consequentemente, condutas desadaptativas de as vivenciar. Aqui surgem então os novos significados, pois, através de um processo colaborativo, o cliente é convidado a reavaliar os seus pensamentos, atitudes e crenças para que mais tarde desenvolva representações alternativas da realidade, mais adequadas e funcionais.
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