Porque é que umas pessoas são mais resilientes que outras?
Muitos já passaram por grande sofrimento e enormes dificuldades. Conseguiram de qualquer forma resistir, seguir em frente e até mesmo crescer, apesar da adversidade. Outros têm dificuldade em lidar e em se adaptar perante ameaças ou fontes significativas de stress como os problemas nas relações familiares, de amizade ou amorosas, os problemas de saúde, profissionais ou até mesmo financeiros. Ou seja, têm dificuldade em “recuperar” de experiências de vida difíceis e podem ficar presos numa espiral de depressão, ansiedade e perda de controle.
A investigação tem procurado identificar as bases neuronais e hormonais da resiliência. Um dos aspetos mais importantes e interessantes da recente investigação é o reconhecimento de que a resiliência não é um processo passivo. O stress tem impacto negativo quer sejamos resilientes ou não, a diferença é que a resiliência nos leva a implementar comportamentos que nos ajudam a lidar e a gerir os fatores de stress e que nos permitem recuperar de problemas e dificuldades.
Uma pessoa resiliente não é aquela que não passou por situações difíceis. O caminho para a resiliência envolve frequentemente considerável tristeza e sofrimento emocional e são inúmeras as pessoas resilientes que passaram por enormes adversidade e traumas na sua vida.
Ser resiliente é ser flexível e capaz de se adaptar a acontecimentos de vida perturbadores e geradores de stress. Não é um traço que temos ou não temos. Inclui comportamentos, pensamentos e ações que podemos aprender, desenvolver e aperfeiçoar.
A resiliência depende da forma como o cérebro gere o stress e evita comprometer o nosso bem-estar físico e psicológico. É um processo ativo e adaptativo que se pode aprender. Quando o cérebro enfrenta obstáculos e desafios modifica-se para poder responder às solicitações, porque tem neuroplasticidade.
O cérebro tem plasticidade, tem capacidade para se mudar, adaptar e moldar a nível estrutural e funcional quando sujeito a novas experiências. O cérebro tem neuroplasticidade. Estudos recentes concluem que as pessoas que têm maior dificuldade em gerir as situações de stress têm uma “falha de neuroplasticidade” do seu cérebro.
Pesquisas descobriram que a troca de sinais entre o córtex pré-frontal (o “cérebro que pensa”) e a amígdala (o ”cérebro que sente”) determinam a rapidez com que o cérebro recuperará de uma experiência perturbadora. Uma maior atividade do córtex pré-frontal esquerdo reduz o período de ativação da amígdala e acalma as emoções difíceis. Menor ativação em certas zonas do córtex pré-frontal resultam numa atividade mais prolongada da amígdala na sequência de uma experiência que tenha provocado uma emoção negativa.
Um “cérebro que pensa” menos ativo tem mais dificuldade em “desligar” o “cérebro que sente” e “baixar o som” das emoções negativas depois de ativadas.
Ao diminuir a atividade da amígdala o córtex pré-frontal (cérebro que pensa) permite a gestão das emoções negativas. O cérebro pode então planear e agir com eficácia, sem ser sufocado pela ansiedade, pela tristeza ou pela raiva. A resiliência é caracterizada por uma maior ativação do cérebro que pensa e pode ser até 30 superior.
Quanto mais conexões neuronais existirem entre o córtex pré-frontal e a amígdala, o cérebro que pensa e o cérebro que sente, mais resiliente é a pessoa. A boa e eficaz comunicação entre estas duas áreas do cérebro , a que sente e a que pensa, determina a capacidade para se enfrentarem obstáculos e ultrapassarem desafios.
Não desespere se não for resiliente. O seu cérebro é capaz de aumentar as conexões entre aquelas regiões cerebrais.
Como aumentar a resiliência no seu cérebro
Como já referi anteriormente a resiliência não é uma característica que se tem ou não tem. É uma habilidade que pode ser aprendida. Pode-se desenvolver resiliência mudando intencionalmente pensamentos e comportamentos. Com o tempo, por meio do processo de neuroplasticidade, o cérebro pode mudar e reforçar a resiliência ou seja a forma como se lida com obstáculos e desafios. A capacidade de aprender resiliência é um dos motivos pelos quais as pesquisas mostram que esta é uma característica comum e não extraordinária.
Embora os eventos adversos possam ser certamente dolorosos e difíceis, não precisam determinar o resultado da nossa vida. Existem muitos aspetos que podemos controlar, modificar e desenvolver. Esse é o papel da resiliência. Tornar-se mais resiliente não apenas o ajuda a superar circunstâncias difíceis, mas também o capacita a evoluir e até mesmo a melhorar a vida ao longo do seu percurso de vida.
Aumentar a resiliência requer tempo e intencionalidade. Focar-se em quatro componentes principais – conexão, bem-estar, pensamento saudável e significado (uma vida diária alinhada com os seus valores pessoais, paixões e pontos fortes) pode prepará-lo para enfrentar e aprender com as experiências difíceis e traumáticas, aumentar a sua capacidade de resiliência e ajudá-lo a superar as dificuldades.
Por mais que a resiliência signifique recuperar de experiências difíceis, ela também pode promover um crescimento pessoal profundo.
E para contruir um cérebro resiliente:
Refª
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Um artigo bem escrito, numa linguagem acessível e esclarecedor.
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