Com certeza já ouvimos falar da Síndrome do Impostor em qualquer lado. A Síndrome do Impostor refere-se a uma experiência interna de acreditar que não somos tão competentes quanto os outros pensam que nós somos. Embora esta definição seja, geralmente, aplicada de forma restrita à inteligência e às conquistas alcançadas, está também relacionada com o perfeccionismo e o contexto social.
Por outras palavras, a Síndrome do Impostor é a experiência de se sentir um impostor – sentimo-nos como se a qualquer momento fôssemos descobertos como uma fraude – como se não pertencessemos onde estamos e só chegamos até ali porque tivemos sorte ou porque alguém até gostou de nós.
Neste sentido, é importante percebermos que a Síndrome do Impostor não é um diagnóstico clínico. Trata-se de um termo psicológico que se refere a um padrão de comportamentos em que as pessoas duvidam das suas realizações e têm um medo persistente, muitas vezes internalizado, de serem expostos como uma fraude.
E de que forma olhamos para a Síndrome do Impostor em nós? Será que a encaramos como uma falha interna que precisamos de assumir e de “arranjar”? E se a víssemos, simplesmente, como um diálogo interno que, por sua vez, nos faz sentir insuficientemente bons?
Existem vários factores que podem contribuir para este diálogo interno, independentemente do contexto em que estamos, seja o contexto social, profissional ou familiar. A educação e a dinâmica familiar podem desempenhar um papel importante. Estilos parentais caracterizados por serem controladores ou superprotetores podem contribuir para este diálogo interno que incute em nós o sentimento de desadequação ou sentirmos que não somos merecedores das conquistas, por exemplo. Assim como, famílias caracterizadas por altos níveis de conflito com pouca quantidade de apoio podem ser mais propensas a experienciar o mesmo sentimento.
Quanto ao contexto profissional ou académico, também sabemos que entrar numa nova função pode desencadear dúvidas acerca do nosso desempenho. A pressão para alcançar objectivos e ter sucesso, combinada com a falta de experiência, pode desencadear sentimentos de desadequação nestes novos papéis e configurações.
Muitas vezes, estes sentimentos também surgem associados à ansiedade social Numa situação em que estamos a conversar com alguém, podemos sentir que o outro vai descobrir a nossa incompetência social.
Com tudo isto, como podemos lidar com este diálogo interno que se pode tornar uma condicionante no nosso dia-a-dia? Podemos começar por colocar algumas questões a nós mesmos, como:
“Que crenças centrais eu mantenho sobre mim mesmo?”
“Eu acredito que sou digno de amor como sou?”
“Devo ser perfeito para os outros me aprovarem?”
Além disso, podemos experimentar partilhar os nossos sentimentos e a forma como nos estamos a sentir, de forma a podermos desconstruir as nossas crenças. Podemos tentar ajudar outras pessoas na mesma situação que nós. Ao praticar as nossas habilidades e aptidões, estamos a construir confiança nas nossas próprias habilidades.
Caso percebamos que temos crenças antigas acerca da nossa incompetência em situações sociais e de desempenho, podemos fazer uma avaliação realista das nossas habilidades, anotando as conquistas e no que somos bons e, de seguida, comparar com a autoavaliação.
E se não nos focássemos a fazer as coisas de forma perfeita? Podemos fazer as coisas razoavelmente bem e recompensar-nos por agir. Por exemplo, numa conversa em grupo, dar uma opinião ou partilhar uma história sobre nós.
Num contexto social, sempre que nos comparamos com os outros, encontraremos alguma falha em nós mesmos que alimenta o sentimento de não sermos bons o suficiente ou de não pertencermos. Em vez disso, durante as conversas, podemo-nos concentrar em ouvir o que a outra pessoa está a dizer e podemos estar genuinamente interessados em aprender mais.
Portanto, todos nós, em alguma altura da nossa vida, já experienciou momentos de dúvida, e isso é normal. O importante é não deixar que essa dúvida tome conta das nossas acções.
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Ótima abordagem. Me ajudou a perceber que sou acometido desse padrão de pensamento e comportamento.
Tocou em pontos frágeis que me caracterizam. Apontou claramente caminhos para me sentir mais confortável com essas situações. Excelente ajuda
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