Quem nunca clicou em links como “O que a sua bebida favorita diz sobre a sua personalidade”, perguntando-se o que será que o seu amor por chá revela sobre a sua psique? Ou preencheu um questionário de personalidade, para perceber que tipo de personalidade teria?
As pessoas adoram recorrer a esses tipos de testes de personalidade em busca de informação sobre si mesmos, informação essa que, até então, estaria escondida. Mas porque precisamos de testes de personalidade que digam quem somos?
A resposta está na necessidade que as pessoas têm em pertencer, ser validadas e confirmarem as suas qualidades. Quando um qualquer teste de personalidade nos diz que temos um tipo de personalidade “x” ou “y” (como se fossemos só um tipo), este fator permite que encontremos o nosso “grupo” e as características deste grupo a que pertencemos fundamentalmente afetam a forma como percebemos o mundo. Este tipo de testes dá uma estrutura para unir nossa narrativa de maneira coerente e compacta. Não é preciso fazer mais nada, e não há nada a fazer, já que “É a minha personalidade”, “Eu sou assim” e este é um modelo sedutor para muitas pessoas. A personalidade é para sempre, não é?
Mas e se lhe dissermos que as pessoas experimentam mudanças nos traços de personalidade de forma incremental ao longo do tempo? A personalidade muda cumulativamente ao longo da nossa vida, provavelmente em resposta às nossas experiências de vida, e muitas vezes a mudança é positiva e significativa de maturação. A própria definição de Personalidade como “diferenças individuais em padrões de pensamento, sentimentos e comportamentos, que se relacionam e em que as várias partes de uma pessoa se unem como um todo”, pressupõe mudança, individualidade e uma visão holística.
E depois há outra questão: poucos desses testes que dizem medir a personalidade, na verdade medem qualquer coisa, mas não personalidade. Uma pesquisa rápida e encontramos “Estes testes de personalidade ajudarão a conhecer mais sobre seu tipo de personalidade, inteligência, capacidades interpessoais e muito mais!” Portanto, medem tudo!
E muitos deles, até os que poderão ser usados em contextos mais sérios (clínicos, de recrutamento, etc.) não tem qualquer validade científica. “Até que estes instrumentos sejam testados cientificamente não podemos verificar a diferença entre isto e pseudociência”, diz Simone Vazire, uma investigadora sobre Personalidade da universidade de Califórnia. Esta ressalva é especialmente relevante quando são tomadas decisões significativas sobre as pessoas, com base nestas medidas de personalidade.
Um bom questionário que avalie personalidade tem perguntas simples e diretas, não classifica ninguém num “tipo de personalidade”, apenas informa com que traços as pessoas mais se identificam, num contínuo de traços de personalidade. De certo modo, é dececionante. Significa apenas que os testes de personalidade só podem afirmar o que já sabe sobre si e a sua precisão vem apenas de quão honesto e auto-reflexivo foi nas suas respostas. Pensar na Personalidade como algo imutável e fixo ou como algo que é “misterioso” e será descoberto por um teste, pode levar à ideia que não crescemos, não mudamos, que não temos controlo nem responsabilidade sobre o que somos e queremos ser.
Tendo dito isto, gosto de café sem açúcar. E você? Qual é a sua personalidade?
Qual foi o interesse que este artigo teve para si?
queria muito perceber melhor que tipo de personalidade tenho para poder melhorar
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